No Brasil Colônia, cabia aos pais corrigir os filhos. Os castigos físicos eram mesmo incentivados: bolos, beliscões e palmadas assim como surras de açoite e vara de marmelo eram comuns. Acreditava-se que os castigos físicos eram uma forma legítima e eficiente de educar as crianças. Uma quadrinha do século XVIII, revela que tal forma de educação não só era usual como até “acertada”:
Para que anda com carrancas?
Satisfaça a sua ira
dê nessas mãos, nessas costas
dê que assim só me ensina…
Mas não eram só os pequenos que sofriam com castigos físicos. Os escravos eram constantemente açoitados e as mulheres desobedientes corriam sério risco de apanhar de seus maridos e companheiros. A lei os autorizava a puni-las fisicamente, “se merecessem”…Bater era sinal da força do caráter paterno. Desconfiava-se de pais que “estremeciam” sobre os filhos. Isso era coisa de mulher. D. Francisco Manoel de Melo, cronista dos costumes portugueses que andou pelo Brasil Colônia, gostava de dizer em 1651 que “não é coisa pertinente a um homem ser ama nem berço de seus filhos”. Além de rigorosos, os pais podiam ser extremamente violentos com a mulher e os filhos. Nos arquivos encontram-se documentos relatando o sofrimento de mulheres maltratadas pelos companheiros, cujas crueldades estendiam-se às crianças. Vejamos alguns deles:
Maria Rosa de Camargo queixava-se em 1765 que seu marido lhe causava
“a tal extremo sevícias que até lhe falta com alimento…proibindo-lhe que o faça para comer” saindo normalmente de casa sem deixar nada para ela ou sua filha comerem. Angélica Maria de Assunção, em 1782 afirmava que seu marido “nunca lhe dera, nem à sua filha, um metro de pano que fosse…e andava a suplicante e sua filha nuas”. E pior, fora espancada diante do olhar aterrorizado da pequena “com um pau, machucando-a (o marido) pela barriga, estando a suplicante pejada…e não satisfeito do injusto procedimento a mandou, depois de maltratada, lavar roupa no rio Tietê”.
Vitoriana Monteiro denunciava, em 1789, as pancadas que recebia de seu marido, Paulo Ferreira, um preto liberto, pancadas, aliás, que estendia “aos filhos ainda de menor”. Em Minas, apesar do bom procedimento da mulher e dos filhos, um tal José Teixeira, morador em Caetés, dava-lhes “má vida”. Na freguesia de Morro Grande, outro pai de família temido, “costumava embebedar-se e por razão de tal bebedeira dava má vida à mulher e aos filhos, rogando pragas a si mesmo e dizendo que o diabo o levasse em corpo e alma”.
Como se vê não era fácil, já naquela época, viver em família. Crianças aterradas recebiam chibatadas e pancadas, ou eram proibidas de comer. As mulheres, por sua vez, tinham que se sujeitar, muitas vezes á vontade e ordens de maridos nem sempre carinhosos. Essa era uma das facetas do universo familiar na época colonial. E hoje? Ainda é assim? – Mary del Priore.
Mulheres, filhos e escravos, sob a autoridade paterna. (Debret).
Eu já apanhei assim da minha mãe foi com palmatórias no bumbum eu tenho ódio dele até hoje eu apanhei pq eu xinguêi ela eu tinha 10 anos
Pior que existe Mary! Não digo só da violência física infantil, Mas de fato mulheres que se sujeitam a aguentar os maltrados dos maridos só porque o pensamento marxista patriarcal antiquado que desvaloriza o trabalho doméstico da mulher no próprio lar . Há muitos fatores que contribuem para essa realidade: Porque foram educadas para dizerem ‘amém’quando o marido falar, porque não tem como se sustentar com os filhos na falta do marido, falta de informação. ..etc.