Conheça o documento oficial do processo para a expulsão da Família Imperial

Com a instituição do regime republicano, em 1889, foi iniciado o movimento para expulsão da família imperial do país. Leia, na íntegra e no original, esse histórico processo, datado de 1903. Confira no link abaixo:

http://goo.gl/Ajw1dl

 

Como a família imperial reagiu à expulsão e ao exílio? Mary del Priore nos dá uma ideia do seu estado de espírito:

Exílio… Terrível palavra velha conhecida dos Orléans e dos Bragança. O vocábulo os submergiu. Eles sabiam que, junto ao esquecimento das opiniões, iria se somar a ingratidão. D. Pedro não se debateu contra a tempestade. Gastão, por sua vez, haveria de lembrar o comportamento do avô, Luis Felipe de Orléans. Ele acreditava que os movimentos populares tinham a ver com as estações do ano. Que precisavam de calor e céu azul. “Não se fazem revoluções no inverno”. Caiu do trono porque, entre outras coisas, errou a previsão do tempo. Ele bem ouviu quando sua mãe, Vitória, disse ao pai: “Luís, posso morrer, mas não quero que me cortem a cabeça”! Luís Felipe, no inverno de 1848 parecia tão alheio aos fatos quanto D. Pedro, no verão de 1889.

Os dois monarcas demonstraram extraordinária indiferença aos rigores cotidianos da nova existência. Ambos sem tostão. A família de Gastão valeu-se de empréstimos feitos junto a Lord Aberdeen, um velho amigo inglês. Sem ele, seria a miséria. Levaram anos para recuperar a fortuna que deixaram na França. A família de D. Pedro, ao contrário, quase não tinha recursos. E nem a quem pedir. Ao chegar a São Vicente, nas Ilhas de Cabo Verde, a primeira atitude do Imperador foi enviar uma carta ao seu procurador, recusando qualquer gesto de generosidade do governo provisório:

“Tendo tido conhecimento, no momento da partida para a Europa, do decreto pelo qual é concedida à família imperial, de uma só vez, a quantia de cinco mil contos, mando que declare que não receberei, bem como minha família, senão as dotações e mais vantagens a que temos direito pelas leis, tratados e compromissos existentes”.

No dia 18, às cinco horas da manhã, o Alagoas passou pela Ilha Rasa. Gastão acordou os pequenos para se despedirem da pátria. Não se sabe se alguém jamais pensou numa regência provisória, a fim de que Baby Pedro assumisse, depois da maioridade. O assunto foi discutido quando Luis Felipe caiu e correu um rumor sobre um futuro reinado do pequeno Conde de Paris. No caso deles, nem isso. Iam todos sofrer o que uma poetisa chamou de “os males da ausência”: a dor da nostalgia, as privações em terra alheia, o som triste dos réquiens.  Ao despedir-se dos últimos pedaços de litoral brasileiro, Isabel grafou:

“Não se pode ser completamente feliz neste mundo! Meu verdadeiro bom tempo já passou! Conserve-me Deus ao menos aqueles que amo! A pátria de minhas melhores afeições afasta-se cada vez mais! Que Deus a proteja! A lembrança das horas felizes me sustenta e me esmaga”. 

Trecho de “O Castelo de Papel”, de Mary del Priore.

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O Imperador e seus familiares.

13 Comentários

  1. Estrela
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    • josi
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