Rosa Vermelha – a biografia em quadrinhos de Rosa Luxemburgo

Por Natania Nogueira.

 

        A editora WMF Martins Fontes lançou a biografia em quadrinhos de Rosa Luxemburgo, Rosa Vermelha, da autora Kate Evans. Biografias em quadrinhos sobre personagens históricos são comuns nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, durante as décadas de 1950 e 1960, a editora Brasil América Limitada (EBAL) explorou amplamente o gênero. Contar a história de uma personagem como Rosa Luxemburgo é trazer para os quadrinhos não apenas a Rosa revolucionária, mas, sobretudo, a Rosa mulher.

       Rosa Vermelha é uma história em quadrinhos feminista e, ao mesmo tempo, é um quadrinho histórico. É feminista, pois nos apresenta uma mulher forte, segura das suas  convicções desde bem jovem. A menina Rosa, que mancava de uma perna, provavelmente por causa de displasia congênita no quadril, a mulher Rosa que se recusava a seguir os modelos predefinidos do comportamento feminino. A doutora Rosa, que orgulhosamente ostentava seu título, adquirido em uma universidade Suíça. A amante Rosa, que seduziu muitos homens com seu brilhantismo e seu idealismo.

        É um quadrinho histórico, pois introduz o leitor aos acontecimentos que marcaram o final do século XIX na Europa – do movimento comunista à Primeira Guerra e à Revolução Russa. A autora, Kate Evans, soube, com maestria, introduzir fatos de forma muito bem contextualizada, sem deixar a narrativa pesada, muito pelo contrário. Ela também soube introduzir os princípios do pensamento marxista e do próprio pensamento de Rosa Luxemburgo de forma tão didática que mesmo um leitor leigo poderá compreender perfeitamente uma teoria que para muitos é absurdamente difícil. E tudo muito bem documentado pela autora.

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       E falando em teoria, o pensamento de Rosa está presente em todo o livro, do início ao fim. Talvez muitos não saibam, mas ela foi uma crítica do próprio movimento comunista. Rosa Luxemburgo se opôs à forma como foi realizada a Revolução Socialista na Rússia, tendo feito duras críticas a Lênin. Rosa desejava uma revolução democrática, sem armas, sem mortes. Atreveu-se a questionar o próprio Marx. Por tudo isso, cultivou inimigos entre os próprios socialistas.

       Rosa Vermelha é uma leitura agradável, sóbria, em tempos em que a desinformação tem gerado reações extremadas. A história de uma mulher, de uma ativista e de uma época que, em muitos momentos, parece estar em paridade com a nossa.

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