Noites misteriosas

Conheça mais um delicioso trecho de “Do Outro Lado – a História do Espiritismo e do Sobrenatural” (Editora Planeta), o novo livro de Mary del Priore.

Em 1905, João do Rio revolucionou a imprensa  carioca. Nascia  a reportagem e a entrevista que recheariam a série intitulada As religiões no Rio. O sucesso das publicações  foi tanto  que a Editora  Garnier  as publicou  em forma de livro: dez mil exemplares  esgotados  em pouco  tempo!  Num  texto histórico-informativo, João do Rio descrevia espíritas,  cartomantes e até um frei exorcista  do morro  do Castelo, além de pais de santo, sonâmbulas, endemoninhadas e quantos mais houvesse.

Nesses tempos, as noites eram feitas de sustos, medos, desconhecido. E se enchiam  de preces, batuques, cantos,  orações  murmuradas, evocação  de egunguns  ou da alma  dos mortos. Sair de casa para  satisfazer  uma necessidade  podia  levar a um encontro perigoso.  A esposa  responsável  pela morte  do detestado marido  podia  encontrá-lo no leito. Um criminoso  jamais  estaria  seguro  de escapar  à vingança de sua vítima.  E ai de quem não respeitasse  a última  vontade  de um moribundo! O castigo era certo.

Pelas ruas, fantasmas do outro  mundo, aparições,  mortos-vivos, Satã em pessoa (em geral, vestido de fraque  e cartola)  representavam o chamado “mistério das  crenças”.  Na  praia  de Santa  Luzia, vozes surdas ofereciam um “ebó a Iemanjá”. Azul profundo de dia, o mar, à noite, gemia como se fosse mal-assombrado. O uivo de um cão? Mau agouro. Coruja  cantando estava chamando a morte. As borboletas escuras que adejassem nos finais de tarde: bruxas!  Encruzilhadas? Eram lugar  de aparição do Diabo.  Para proteção, melhor  seria defumar  os quartos com arruda e alecrim verde.

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One Response

  1. Maravilha saber que a autora e pesquisadora nos esclarece

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