Festas e tradições de casamento

No mês das noivas, vamos falar um pouco dos rituais que cercam as comemorações de casamento. De onde vêm o costume de usar branco? E da troca de alianças? E a lua de mel? Confira:

Festas de casamento? Sempre. O cortejo de noivos, familiares e convidados seguia, de casa à igreja. Roupas ofuscantes, joias, enfeites e colos decotados enchiam a nave. O órgão soava, o incenso se elevava do altar em espirais aromáticas e, da galeria, a nuvem de pétalas de rosa derramava-se sobre os noivos – foi assim que a cerimônia foi descrita por Virginie Leontine, viajante francesa, em 1857.

Pouca gente sabe que o sacramento do matrimônio não é tão antigo quanto o cristianismo. Trata-se de uma invenção medieval, que só se consolidou a partir do século XIII. Antes disso, para um grande número de cristãos, o casamento não era nem indissolúvel, nem monógamo, tampouco baseado no consentimento recíproco de duas pessoas.

Já o rito era feito de gestos que atravessaram os séculos. Conheça um pouco mais sobre as tradições do casamento:

A união das mãos: simboliza o socorro mútuo e o laço de fidelidade entre os esposos.

Anel de noivado: a troca de anéis entre prometidos existe desde a Antiguidade. Na época, era um anel de ferro. A diferença entre o anel de noivado e o de casamento apareceu na Idade Média. No século XV, o primeiro passou a ostentar uma pedra preciosa para se diferenciar do segundo, sóbrio e discreto. O hábito de usá-lo no anular da mão esquerda, correspondia a uma crença egípcia segundo a qual um nervo ligava esse dedo diretamente ao coração. A aliança, promessa de fidelidade, simboliza o compromisso mútuo entre esposos. A troca de alianças como signo exterior de responsabilidade conjugal é uma tradição inglesa do século XIX adotada depois no resto do mundo.

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Acordo de casamento: é termo nascido no Renascimento para designar a permissão dos pais aos jovens nubentes e a reunião na qual se assinava o contrato de casamento.

Coroa de flores na cabeça da noiva: a tradição é bizantina e tem por função atrair proteção divina. As flores brancas, em particular as de laranjeira, símbolo de virgindade e fecundidade, eram obrigatórias no passado. A França exportou a moda para o Brasil no século XIX.

Dote: conjunto de bens doados pelo pai à filha por ocasião do casamento, doação destinada a compensar a herança dos irmãos. Ele podia compreender mobiliário, louça, roupa de cama e mesa, e joias. No Brasil, entravam no dote escravos, terras e animais de criação. Entre noivas pobres, até mesmo sacos de mantimentos e galinhas o poderiam compor. Teoricamente, as mulheres podiam manipulá-lo, mas cabiam ao marido a gestão e o dever de restituí-lo à família em caso de divórcio. Não foram poucas as esposas que entraram na justiça contra o mau uso que os consortes faziam de sua fortuna.

Lua de mel: tradição adotada no século XIX. É uma tradução de honey moon, expressão de origem viking: o hidromel, bebida fermentada feita de água e mel, era bebido durante a semana nupcial.

Sair à francesa: expressão que designava a retirada discreta do casal de nubentes para a lua de mel, sem que ninguém percebesse.

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Jogar arroz sobre os noivos: acontecia na saída da igreja e tinha o intuito de dar sorte ao casal. Esse costume já existia na China antiga – é a ressurgência da tradição de lançar frutas secas, símbolo de fecundidade, sobre os nubentes.

Enxoval: dado pelos pais da noiva, era composto de lingerie pessoal e roupa de cama e mesa. Trata-se de um costume antigo. No século XIX, era chamado trousseau.

Corbeille: a palavra refere-se à tradição, popularizada no século XIX, de o noivo oferecer presentes à noiva: rendas finas, lenços bordados e raros xales da Índia, em geral de caxemira; luvas de pele e, sobretudo, joias pequenas e grandes. A ideia era seduzir a jovem senhorita pela opulência. A corbeille era também uma demonstração do poder financeiro do noivo perante o dote da futura esposa, além de um prêmio pela virgindade dessa última. Os presentes podiam ser ofertados em baú, caixa ou pequena cômoda, onde tais pertences eram guardados. Os presentes ficavam expostos, às vésperas do casamento, para deleite e críticas da família e dos amigos. Na vitrina das lojas, ofereciam-se corbeilles completas. No Brasil, os presentes dados aos noivos passaram a ser expostos não necessariamente sobre a cama, mas com destaque para demonstrar, como na França oitocentista, o poder financeiro da família dos contraentes.

O branco no casamento: a moda do branco foi introduzida por Amélia de Leuchtenberg, segunda esposa de dom Pedro I. Ela adotou o costume que vinha da época do Consulado napoleônico: o vestido de casamento longo, branco e acompanhado de véu de renda, como o que usou Carolina Bonaparte para esposar o general Murat. A seguir, dona Francisca, irmã de dom Pedro II, casou-se com o príncipe de Joinville também vestida de branco, em meio às damas de amarelo e verde. A princesa Isabel, ao trocar alianças com o Conde d´Eu, também vestiria filó branco, véu de rendas de Bruxelas, grinalda de flores de laranjeiras e ramos destas no lado esquerdo do vestido.

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Traje da noiva: eis um exemplo de “toilette de noiva” publicado em setembro de 1859, no jornal feminino O Espelho: “um saiote aberto na frente, cercado de fofos, mas mangas muito largas cercadas de fofos como os do saiote, o corpinho é fechado com cabeção que vem até o cinto onde se prende por um laço de fitas, cujas pontas prendem ao comprido do vestido. O véu preso à cabeça pela coroa de noivas cai pelos ombros”.

-Mary del Priore.

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  1. Maria
  2. Ana Luiza

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