Condessa de Barral – a paixão do imperador D. Pedro II

            Todos conhecemos os retratos do austero imperador D. Pedro II. As barbas brancas e longas e a fisionomia fechada. Este é o monarca. Mas e o homem, seria igualmente severo? Graças às pesquisas no riquíssimo acervo do Museu Imperial de Petrópolis, sabemos, hoje, que o rosto rigoroso se abria em sorrisos quando via uma única pessoa: Luísa Margarida Portugal e Barros, a Condessa de Barral.

            Ambos viveram uma longa e intensa história de amor por mais de 30 anos. Conheceram-se quando ela veio de Salvador, onde sua família possuía imensos engenhos de açúcar, para servir de aia às filhas do imperador, Isabel e Leopoldina. Na época, as meninas eram  pequenas e tinham que ser educadas à europeia. Ou seja, D. Pedro queria que falassem línguas estrangeiras, soubessem tocar piano e rabeca, que soubessem se comportar à mesa ou fazer conversa em reuniões sociais. Ora, Luísa viveu toda a sua mocidade em Paris. Além de conhecer bem a Europa, através da qual viajara com seus pais, ela serviu na Corte francesa. Foi aia da princesa Francisca de Joinville, irmã de D. Pedro, a quem acompanhava em festas e recepções oferecidas pelo rei Luís Felipe de Bourbon. Tinha assim todo o conhecimento sobre os hábitos da aristocracia somado à elegância de quem morou, durante anos, na capital da moda europeia.

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Luísa não era bonita e tinha mais nove anos do que D. Pedro. Mas era senhora de mil graças. Sabia como encantar. Nela, tudo era sedução: o perfume, a maneira de arrumar os cabelos e sobretudo, de conversar entretendo o imperador. Separada do marido que voltou para a França, ela e D. Pedro se apaixonaram. Este amor proibido – o adultério podia ser punido com a morte, nestes tempos – foi vivido no palácio de São Cristóvão e no de Petrópolis. E a convivência era íntima. Em torno da mesa de estudos, do almoço ou do jantar os olhares se entrosavam. Os braços se roçavam na análise de um mapa e as mãos se cruzavam sobre um mesmo livro. O romance se tecia e o perigo também. Afinal, ele se desenrolava dentro do Paço, no lar, às vistas da enfadonha D. Teresa Cristina. Os dois sabiam ser dissimulados e hábeis. Ele ousava, ela concedia. Os versos feitos pelo imperador, também não deixavam dúvidas quanto ao sentimento que compartilhavam:

“Quantas vezes com a mais doce maldade

O relógio fatal eu desandava

E um teu sorriso logo indicava

Que em tal quiseras ter cumplicidade

Se por querermos mais, cessava a harmonia

Também custava pouco reatá-la

E assim o dia era igual a outro dia”

            Até o final da vida trocaram correspondência, onde ele se referiria a estes como os “tempos felizes”. Saudoso, reclamava: “quem me dera poder passar um instantinho ao menos do tempo em que estudávamos juntos”. Referia-se a “tudo que foi e será sempre nosso”. Ou declarava, “Diga-me se alguém já lhe quis mais do que eu e se não devemos nos regozijar de tamanha felicidade? ”. Referia-se com insistência “às esperadas visitas ao Chalet Miranda” e ao “Hotel Orléans”, onde se encontravam e assinava-se “para você tudo do seu, de sempre”. Uma linda história de amor, escondida entre as páginas de história política, social e econômica nos tempos do Império. Mas como já demonstraram tantos historiadores, fora e dentro do Brasil, os sentimentos também merecem uma história. – Mary del Priore

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barral

A jovem Luísa, que conquistaria o severo imperador.

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  1. ANGELA
  2. Claudia
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