“Diga-me com o que brincas e dir-te-ei quem és”.
Aproveito o mote para falar mal de Barbie, boneca feita, por incrível que pareça, por uma fábrica de brinquedos dirigida por uma mulher. E introduzida, nos EUA, por outra. Ela tem apenas 29 centímetros mas representa toda a desmesura do mundo. O modelo incomoda, tanto mais quanto conhecemos a história das bonecas. Encontradas em tumbas egípcias ou em ruínas antigas, as miniaturas femininas tiveram por muito tempo sentido mais religioso do que lúdico. Foi em finais do século XVII que, a preocupação com a educação feminina, levou, na Europa à valorização das primeiras bonecas. Miniaturas de bebes, elas deviam incentivar os cuidados com a prole, reproduzindo os valores familiares. Bons tempos em que as bonecas tinham sentido educativo.
Qual o sentido de um arquétipo plastificado em pin-up loura, fria como as neves do norte europeu, num país de mestiços, afogados em suor? Nada além de sublinhar o modelo da juventude americana numa sociedade que já engole lixo cultural suficiente, vindo dos USA. Para começar, trata-se de impor um estilo de vida “cor de rosa” à toda uma geração de meninas: roupas, jóias, maquilagem, tudo de mais supérfluo e descartável possível. A idéia que a boneca traduz é a de que a mulher deve ser tão improdutiva quanto dispendiosa. Seus saltos altos parecem martelar impiedosamente a opulência, a despesa supérflua , sugerindo ao mesmo tempo a exclusão feminina do trabalho produtivo, e por conseguinte, a dependência financeira do homem. Nossas filhas penetram precocemente no mundo da riqueza. Barbie lhes ensina a ser consumidoras e consumíveis pelos homens. Na interação da boneca com a criança, a valorização do aspecto exterior só reforça a idéia de que a beleza física é a chave da popularidade e consequentemente da felicidade: pernas longas, cintura de pilão, traços delicados, cabelos sempre lisos e louros, seios fálicos como foguetes. Não preciso lembrar quantas meninas ficam absolutamente frustradas por não serem assim.
O universo de Barbie, sua casa, seu carro e etc. remetem à imagem de uma sociedade que é microcosmo de competição e comparação. Seu mundo é feito de valores materiais, do culto ao dinheiro, das compras sem fim. A caricatura étnica da boneca “morena” só faz acentuar o ideal normativo, onde os traços raciais e outros atributos são apagados. Christie, a amiga negra, não representa a diferença mas alguém que, face à loura, está fora da norma. Norma que só satisfaz no narcisismo, no cuidado com a aparência, numa feminilidade sem falhas.
Na infância, o objeto lúdico é sobretudo resultado da escolha dos pais.
Texto de Mary del Priore.
Recomendo vivamente o seu blog/site.
Achei-o de excelente qualidade.
Obrigado
Ana
SE OLHAR DIREITO A MALDADE ESTA EM QUEM VER E QUEM QUER FAZER DA BONECA UM ESTILO DE VIDA .ELA SÓ É ASSIM PORQUE EXISTE PESSOAS QUE ACHA ISSO LEGAL A BONECA FOI INVENTADA POR UM SER HUMANO.INVENTE VOCÊ SUA BONECA IDEAL. AS PESSOAS SÃO LIVRES PARA ACREDITAR OU SER O QUE QUISER.
Esta boneca é o esteriótipo da mulher rica,bonita,elegante dona de uma beleza de causar inveja ela é perfeita e tem um namorado perfeito Um gala de cinema. Figuras estas que estão muito distantes da meninas e mulheres pobres que conseguem ver esse glamour pela tv
Esta boneca e´um esteriótipo de riqueza, beleza, de mulher bem sucedida e com um namorado tipo galã de cinema que muitas mulheres gostariam de ter. Está muito longe da realidade de meninas pobres mas que vê pela tv esse glamour que lhe é oferecido.
Um ideal de beleza impossível de ser alcançado. Como tive uma infância de moleque, brincar de boneca era para dias de chuva torrencial. Nunca me liguei nisso e nunca incentivei minha filha. Realmente um texto perfeito, que define claramente a massificação desse estereótipo de beleza e mentalidade consumista.
Com efeito, texto perfeito, essa boneca não me representa!