Depois do casamento de D. Pedro com D. Amélia, o ano de 1830 teve clima de guerra civil. Levantes armados ecoaram em outras províncias: Pernambuco, Ceará e Alagoas. Pequenos proprietários, tropas, índios e negros se levantavam, ora contra a centralização de poder, ora contra a pobreza e exclusão em que viviam. Nesse contexto, a 7 de abril de 1831, D. Pedro renunciou ao trono brasileiro. Houve, sim, o medo de ser deposto, mas o pior acontecia em Portugal. A guerra dinástica contra seu irmão para salvar o trono da filha Maria da Glória estava no auge. Com a renúncia, o imperador buscava apaziguar os ânimos no Brasil. Como herdeiro do trono ficou uma criança, que nem tinha completado 6 anos: D. Pedro II. Na prática, a transferência de poder iria reforçar as elites regionais que já tinham mostrado sua força por ocasião da independência.
O imperador seguiu de pé, curou suas feridas para enfrentar a última ruptura: aquela que o libertaria definitivamente de todas as outras. Em 1834, no palácio de Queluz, em Portugal, D. Pedro fechou os olhos depois da campanha militar contra seu irmão. Antes, fez de sua filha Maria da Glória rainha de Portugal, cuja maioridade foi declarada em 1834, meses depois da capitulação do tio Miguel, em Évora Monte, batido pelas tropas de D. Pedro, então duque de Bragança.
Em 2013, uma equipe multidisciplinar, liderada pela arqueóloga Valdirene Ambiel, divulgou o resultado da exumação do corpo de D. Pedro I e de D. Leopoldina e D. Amélia. Concluiu-se que o nosso primeiro imperador em decorrência de tuberculose, aos 36 anos. Ao longo de sua vida, D. Pedro fraturou quatro costelas, todas do lado esquerdo, levando um de seus pulmões a praticamente parar de funcionar, o que agravou o quadro de tuberculose. Os ferimentos constatados foram resultado de dois acidentes a cavalo (queda e quebra de carruagem), em 1823 e 1829, ambos no Rio de Janeiro.
D. Pedro I foi enterrado com roupas de general do exército português. Durante a exumação, foram identificados medalhas e galões de reconhecimento de Portugal. A única referência ao período que governou o Brasil está na tampa de chumbo de um de seus três caixões, onde foi gravado: “Primeiro Imperador do Brasil”, junto da menção “Rei de Portugal e Algarves”. Seus restos mortais foram trasladados para o País em 1972, na comemoração dos 150 anos de Independência, sendo abrigados na cripta do Monumento à Independência, em São Paulo.
- Texto baseado em “A Carne e o Sangue”, de Mary del Priore.
- Sobre a exumação da família imperial:
Exumação inédita de D. Pedro I e suas mulheres
“A morte de D. Pedro IV”, de Nicolas-Eustache Maurin.
Paris, França, 1836
A “A morte de D. Pedro IV”? Hilário…. que D. Pedro IV, Nicolas?