Por Natania Nogueira.
O professor tem que ser criativo e ser criativo não é tão fácil. Eu, particularmente, fico encantada com a criatividade dos professoras da educação infantil e da alfabetização. Acho fantástica a forma como a maioria delas consegue, como coisas simples, produzir um material pedagógico fantástico que ajuda muito na aprendizagem. Considero minha criatividade limitada mas, de vez em quando, tenho umas boas ideias. Algumas se tornaram experiência memoráveis.
Esta semana estive fazendo um balanço geral das postagens de um blog que mantenho desde 2007 e me deparei com registros de experiências que tive na sala de aula. Algumas, sinceramente, nem me lembrava (viu como é sempre bom ter um arquivo das experiências que temos na escola?). Achei uma que se encaixa muito bem dentro da educação patrimonial. Foi um trabalho que fiz com as turmas de sexto ano, em 2010.
Foi algo muito simples, na verdade. Trabalhei cultura material e fontes de pesquisa com meus alunos. Nós montamos uma pequena exposição em sala de aula. Cada um procurou em casa ou na casa de familiares um objeto que fosse raro ou que tivesse significado especial para a família. Eu deixei em aberto, poderia ser uma fotografia, um utensílio doméstico, um enfeite, um livro, etc. Enfim, eles teriam liberdade de escolher o que quisessem com a condição de que deveriam contar a história do objeto escolhido.
O resultado foi surpreendente. Fotos antigas de família, discos de vinil, objetos retirados de uma base militar da II Guerra Mundial e até moedas de ouro do tempo do Império fizeram parte daquela pequena mostra e a sala de aula foi transformada em um pequeno museu. Fiquei impressionada. Os alunos comandaram o show e invertemos as posições: eles estavam me ensinando. Sem perceber estavam promovendo um resgate da memória familiar, da história local e até da história do Brasil.
Em alguns momentos chegamos a debater. Eles me perguntavam alguma coisa e eu dava minha opinião sobre um determinado assunto e perguntava:
– O que você acha?
O aluno precisa aprender a opinar, também. Não deve apenas reproduzir aquilo que o professor fala sem questionar, sem levantar pontos que possam ser relevantes. O professor quando está dando aula está, também, reelaborando o conhecimento que já possui ou mesmo aprendendo coisas novas.
Tivemos, naquela ocasião, uma aula participativa onde trabalhamos memória, patrimônio, preservação e história. Uma pequena quebra na rotina escolar que, acredito, foi muito válida e que deve ter ido um efeito bem maior do que as outra aulas. Não estou negando a validade das aulas diárias que temos, com leitura de textos, com atividades e coisas do tipo. Uma preocupação que eu tinha no início da carreira era poder ter sempre algo diferente para fazer na sala de aula com meus alunos.
Definitivamente, não dá para ser tão criativo assim, não em todos os 200 dias letivos, mas dá pra aproveitar um bom momento, um bom tema e desenvolver um trabalho que possa ser relembrando indefinidamente. Além disso, a rotina é necessária. A disciplina do estudo é fundamental para a formação do aluno. Ele tem que ler, tem que ter tarefas diárias porque a escola da vida exige isso.
Como disse, tenho meus bons momentos, mas eles jamais seriam tão bons sem a contribuição dos alunos. Uma coisa que aprendi nesses 20 anos de magistério é não subestimar a capacidade criativa dos meus educandos. Outra coisa é que, por mais preparada que eu esteja, sempre vou ser surpreendida. Acreditem, até uma roupa de astronauta russo já apareceu na minha sala de aula, mas essa é uma história para outro dia.
amei vou usar na minha aula de historia, estou no período de estagio, me ajudou mt seu artigo! bjos sucesso.
Que bom que foi útil!
🙂
Fiz uma atividade com os meus alunos de 6º ano em 2012. A proposta era fazer um relato de seus familiares, então pedi que fizessem um livro onde eles colocavam seus nomes, idade, data e local de nascimento e a atividade a qual exerciam, e no final daquela página, colocasse uma foto.
Na página seguinte vinha o nome de seus pais, com as mesmas informações: data e local de nascimento, atividade e a foto. Nas próximas páginas eram a vez dos avós, data e local de nascimento, atividade, data e local de falecimento e a foto. E assim por diante, pedi que perguntassem a seus pais sobre seus bisavós, e com isso eles foram pesquisando a história da sua própria família!!! Os que não conseguiam as fotos, pedi que desenhassem… Mas foi incrível o resultado. Tanto dos que colocaram fotos, como dos que desenharam! Uma pena eu não ter fotografado os resultados,
Sim, eles me surpreendem a cada dia, e eu aprendo muito com eles…
Que legal, Vanessa! Mesmo sem fotos, seu relato está ótimo. Continue fazendo isso. É um estímulo tanto para eles quanto para vc.
Adorei a iniciativa e a idéia! Vou implantar também para os meus alunos, pois além de ser curioso é altamente didático.
Parabéns!
Faça sim, Lourival!
Tenho certeza que vai ficar ótimo!