O ideal de beleza feminina se transformou ao longo do tempo. No século XIX, a mulher bonita era a elegante: bem vestida, altiva, com gestos delicados, olhar lânguido e brancura angelical. Mas, isso mudou lentamente no final do Segundo Reinado. Os esportes começaram a ser valorizados e beleza passou a rimar com saúde. No século XX, a bicicleta deu mais autonomia às mulheres, antes confinadas e dependentes. O discurso higienista das décadas de 20 e 30 louvava a vida ao ar livre.
A exibição do corpo começou a ser estimulada. Os esportes, a fotografia, o cinema, os concursos de beleza e a grande variedade de produtos compunham o cenário perfeito para essa nova concepção. A feiura se tornou um mal a ser combatido. Vejamos o que Mary de Priore conta:
“A chamada ‘boa aparência’ impunha-se. Os bons casamentos dependiam dela. Olhos e boca, agora, graças ao batom industrial, passam a ser os centros das atenções. (…) O aparato colocado a serviço da beleza corporal, nessa época, aparato feito de receitas de fabrico doméstico, de produtos farmacêuticos ou de artifícios de maquilagem, parecia prometer à mulher a possibilidade de, em não sendo bela, tornar-se bela. Havia salvação! (…) As feias teriam uma chance. Feia? Só quem quisesse”. (Corpo a Corpo com a Mulher”, pp. 72-73)
O cinema popularizou uma série de estrelas que se tornaram o modelo da beleza feminina. Jovens, sensuais, provocantes…todas deveriam – e queriam – ser assim. A moda das atrizes era copiada por todas. A velhice e a obesidade se tornaram vergonhosas. Praticar esportes, seguir a moda, manter o rosto sempre jovem, ser independente – as obrigações da mulher começavam a mudar. E muitas permanecem até os dias de hoje.
A realidade, como sempre, é bem diferente. Nem todo o arsenal de cosméticos, cirurgias e exercícios transforma as mulheres em atrizes ou modelos. E será que é isso que devemos almejar? Muitas não querem se submeter a tanto sacrifício em busca de um ideal inatingível. Nos dias de hoje, ser feia, velha ou gorda se tornou quase um pecado, um indício de preguiça e falta de amor próprio. Perdemos o direito de sermos nós mesmas? – Márcia Pinna Raspanti
O século XX muda a percepção de beleza feminina.
Pra que ser bela e infeliz, a ponto de cometer suicídio. Prefiro as minhas dobrinhas. kkkkk