Preservação: o futuro é agora

Por Natania Nogueira.

Uma parte significativa das postagens que fizemos às sextas-feiras, neste ano de 2014, dizem respeito à questão da Educação Patrimonial. Falamos de como é importante ensinar a preservar, conscientizar sobre a necessidade de manter uma memória local e nacional fortes. Mas talvez tenha faltado frisar um detalhe: a educação patrimonial se faz para o presente ou, se quisermos ser mais específicos, para o futuro próximo.

A Educação Patrimonial nas escolas é essencial. Não podemos, contudo, colocar nos ombros dos professores e de nossos filhos a responsabilidade exclusiva de trabalhar pela preservação da nossa memória, dos nossos bens cultuais. Nós precisamos dividir com eles responsabilidade. O futuro é agora, e o nosso exemplo, nas pequenas coisas dos dia a dia, faz diferença.

Para promover Educação Patrimonial não é necessário ser um professor. A escola é um lugar de excelência para aprendizagem, mas não é o único. A conscientização sobre o valor do nosso patrimônio cultural pode acontecer nos mais variados espaços sociais. Associações de bairro, clubes de dança, bares, restaurantes ou igrejas.

Enfim, podemos passar a nossa mensagem, basta haver um preceptor. Uma livraria, por exemplo, quando utiliza imagens que rementem ao patrimônio histórico e cultural em sua decoração, está educando. O espaço físico também pode ser educativo, ele pode chamar nossa atenção para detalhes do nosso cotidiano que muitas vezes ignoramos.

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Recentemente, visitei um restaurante temático localizado em um pequeno distrito próximo da minha cidade. O dono fez um trabalho fantástico. Usando objetos do dia a dia, a maioria deles antigos, ele decorou e transformou o quintal uma casa típica do interior de Minas Gerais em uma antiquário rústico onde uma pessoa, por exemplo, pode encontrar um antigo ferro de passar roupas que era aquecido por carvão em brasa ou um aparelho de rádio dos anos de 1960.

O restaurante pode provocar dois efeitos em seus frequentadores: trazer à tona memórias dos mais velhos e provocar a curiosidade dos mais jovens. Ele é um depósito de objetos antigos que isoladamente não teriam valor ou não chamariam a atenção mas, que em seu conjunto, possuem histórias, são depositórios de memórias.

Iniciativas como essa são trabalhos espontâneos de educação patrimonial, pois mexem com a noção de valor. Nós damos valor aquilo que acreditamos ter um sentido de ser, um significado, seja ele material ou moral. Mas para valorizar algo ou alguém é preciso conhecer.

O conhecimento é, portanto, a chave para a preservação. Mas só queremos conhecer aquilo que que nos chama a atenção. Então, com intenção ou não, o dono do restaurante está promovendo uma forma de Educação Patrimonial. Pequenos empresários, líderes comunitários ou religiosos, há pessoas de todos os tipos espalhados pelo Brasil que vêm ajudando a valorizar a nossa herança cultural e histórica.

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São cidadãos que estão prestando um serviço à comunidade ao valorar os bens culturais. São pessoas comuns que aprenderam a tirar proveito (de forma positiva) desses mesmos bens. Eles nos ensinam que mesmo na mais voraz sociedade consumista e capitalista há espaço para a sensibilidade sem que se coloque em risco o lucro. Preservar, afinal,  é sinal de progresso e prosperidade econômica.

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Tebas, Minas Gerais. Restaurante “Cumê no Fundo”.

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