Por Natania Nogueira.
Em 2012, realizei uma atividade bem complexa com meus alunos de oitavo ano. Gosto de trabalhar com as séries finais do Ensino Fundamental II porque posso estender a atividade para fora dos muros da escola, sem precisar estar o tempo todo presente. O trabalho fica mais livre, mais criativo. Aliás, estimular a criatividade faz toda diferença. É preciso estabelecer algumas diretrizes, mas o aluno pode inventar, pode criar, inserir suas próprias ideias à sua pesquisa. Na época, resolvi batizar a atividade extraclasse com o nome de Projeto Memória e Patrimônio.
O projeto envolveu uma série de procedimentos e dele participaram alunos que na época estavam no oitavo ano, com uma idade média de 13 anos. Todos tiveram experiências de pesquisa de campo. Com maior e menor nível de habilidade, todos usaram de alguma mídia no processo de criação do trabalho, tal como câmera digital, filmadora, gravador e computador. As três turmas envolvidas na atividade receberam orientações específicas e tiveram conhecimento de todas as etapas e critérios de avaliação. Ao todo, participaram do projeto 90 alunos, subdivididos em grupos de com 5 membros, formando 6 equipes por turma.
O trabalho teve três momentos. No primeiro, foram realizadas visitas à residência de um professor de música, um edifício do século XIX, cuja construção data de 1875, que preserva boa parte da arquitetura original. Inclusive a casa teve o porão adaptado para abrigar a um pequeno espaço cultural, utilizado por um OSCIP local. Cada uma das três turmas que participaram da atividade fizeram a visita em dias distintos durante o mês de maio de 2012.
Durante a visita eles aprenderam sobre a história da casa, que se insere na história da cidade e conversaram sobre a conservação de prédios antigos e de como isso pode ter um impacto econômico positivo para a localidade uma vez que a originalidade da arquitetura não apenas valoriza a cidade em si, mas atrai para ela visitantes. Eles puderam perceber que se pode preservar o patrimônio e ajudar a cidade a crescer e a se desenvolver economicamente, por meio do turismo. Foi também um momento lúdico, onde os jovens estudantes aprenderam um pouco de história da música e tiveram oportunidade de ouvir peças clássicas ao som de um cravo.
Num segundo momento, os alunos foram divididos em equipes (eles puderam escolher a formação que melhor lhes agradasse, respeitando o número estabelecido de participantes). Cada equipe recebeu suas tarefas. Entre as tarefas estava: a) fotografar e pesquisar a história de edificações antigas da cidade, verificar seu grau de conservação e depois dissertar sobre as impressões que tiveram da experiência; b) realizar entrevistas com pessoas mais velhas sobre temas cotidianos, usando técnicas básicas de história oral; c) a produção de documentários. Para a realização dessa última tarefa, as equipes tiveram uma palestra com um especialista e receberam as noções básicas para produzir um documentário com tempo médio entre 5 a 15 minutos, envolvendo a questão da memória e do patrimônio na nossa cidade.
A fase final do trabalho aconteceu na escola, fora do horário de aula, quando toda a pesquisa foi apresentada à comunidade na forma da exposição de todos os trabalhos e exibição dos documentários feitos pelos alunos. O conhecimento produzido por eles foi, desta forma, compartilhado com seus familiares, amigos e com os funcionários da escola. Ao aprendizado dos alunos concorre o aprendizado de pais e responsáveis, que estavam, naquele momento, adquirindo conhecimento.
A avaliação dos alunos foi contínua, ocorrendo em todas as fases. Inicialmente, a partir da interação e do interesse despertado neles, pela visita realizada à casa do professor de música. Eles perguntaram, fizeram comentários entre si, levantaram questionamentos e até tocaram piano. Puderam ver a beleza naquilo que é antigo e puderem sentir que estavam vivendo a história.
Durante a execução das atividades os alunos me procuraram para tirar dúvidas, mostrar fotografias, comentar sobre visitas feitas a casas antigas. Chegaram a me convidar para conhecer alguns lugares que eles haviam descoberto e que eu ainda não conhecia. Ficaram impressionados com relatos de pessoas mais velhas e questionaram as mudanças ocorridas com o tempo na cidade.
Além de conhecimento sobre alguns aspectos da história local, à medida que desenvolveram o trabalho, os alunos também tiveram que fazer uso de habilidades de escrita (redação) e aprender a utilizar mídias, como celular, câmera digital e filmadora para produzirem documentários, gravarem entrevistas e editarem imagens. Muito mais do que cultuar monumentos, o conhecimento da história da cidade contribui para a afirmação da identidade individual, levanta a autoestima e contribui para a formação de um cidadão mais consciente.
Momento lúdico: prof. José Gabriel toca uma sonata ao som do cravo.
Dia muito especial, o som do cravo simplesmente arrebatou meu coração ! *-*
Foi mesmo, não foi? Acho que tenho até um vídeo,no youtube, do José Gabriel tocando para vcs.
Foi mesmo, não foi? Acho que tenho até um vídeo,no youtube, do José Gabriel tocando para vcs.