O chapéu tem já foi um dos acessórios mais tradicionais na indumentária de homens e mulheres – infelizmente, nos dias de hoje, este item do vestuário não é tão popular como deveria. A sua primeira função é prática: proteger-nos do sol. O seu uso, entretanto, já está diretamente ligado à moda e ao estilo. Já falamos aqui do chapéu-panamá, que se tornou um traço característico de Alberto Santos Dumont, mas outros modelos também têm seu lugar na História.
Os guarda-roupas dos senhores elegantes da Colônia, nos séculos XVII e XVIII, eram compostos por calções e gibões de cetim, linho e tecidos adamascados, roupetas de gourgurão, casacas de seda, camisas brancas, coletes de veludos, lã fina ou sedas, meias e ligas de seda, gravatas e roupas de baixo com rendas, lenços de seda e algodão da Índia, capas; sapatos e botas com fivelas de ouro e prata, botões de metais preciosos e chapéus, geralmente feitos de lã – o calor devia ser terrível. Estes podiam ser adornados com joias e plumas; podiam ter três pontas ou duas, ou formato de meia-lua. As mulheres da elite usavam os chapéus sempre forrados de tecidos finos, como seda.
Já a população mais pobre, não tinha tantos refinamentos na hora de escolher o seu modelo. Para proteger-se do sol e da chuva, os “homens mecânicos” lançavam mão de chapéus de feltro ou de palha, com abas largas. O cuscuzeiro espanhol era um dos modelos preferidos nas cidades e povoados. Os escravos e escravas, principalmente os “de dentro” (que trabalhavam na casa-grande), também usavam seus chapéus de feltro, geralmente escuro. As mulheres cativas também tinham o hábito de usar lenços e turbantes para cobrir a cabeça.
No século XIX, os chapéus ganharam maior destaque na indumentária feminina. As mulheres de classe mais alta se orgulhavam em exibir tais adereços ricamente adornados por tecidos finos, flores, penas, fitas e outros enfeites. Antes discretos, estes acessórios começaram a se tornar grandes e chamativos nesta época. As flores de penas de pássaros da terra passaram a ser uma mania entre as damas da sociedade, principalmente para adornar os chapéus. Os homens passaram a usar modelos altos de feltro e cartolas escuras.
O século XX chegou transformando tudo, inclusive a indumentária. A silhueta se simplificou e as roupas tornaram-se mais práticas. A cartola foi substituída pelo charmoso chapéu-panamá, de palha clara, enfeitado por uma fita preta. As mulheres mantiveram o chapéu como item obrigatório de indumentária, mas os modelos eram menores e mais simples – afinal, elas começavam a sair de casa para trabalhar fora e aqueles acessórios enormes e pesados não combinavam com a nova vida. – Márcia Pinna Raspanti
Os chapéus femininos do final do século XIX, começam a se simplificar no século XX. (observem os modelos da princesa Isabel e de sua nora, na segunda foto).