Com a morte da Imperatriz Leopoldina, a amante favorita de D. Pedro I, a Marquesa de Santos (Domitila), nutriu esperanças de se casar com o imperador. Entretanto, ele tinha outros planos: encontrar uma noiva de sangue nobre, de uma tradicional linhagem europeia. A escolhida, depois de muitas negociações, foi D. Amélia de Leuchtenberg. Em maio de 1829, quando descobriu que o noivado estava certo, o imperador ficou empolgadíssimo e começou a cortar os laços com a marquesa. Conta-nos Mary del Priore, em “A Carne e o Sangue”:
“D. Pedro passou a exibir o retrato da jovem de 17 anos que viria a tornar-se sua mulher. Ele estava entusiasmado; afinal, além de belíssima, era parente do general que mais admirava: Napoleão”. (…) “Quando o imperador recebeu o retrato da jovem Amélia e teve a certeza de seu casamento, deu ordens para que a marquesa deixasse a corte. O certo é que, tão cedo viu o retrato da bela Amélia, D. Pedro deixou de ir à casa de Domitila”.
A seguir, uma carta (foram várias as missivas relativas ao rompimento dos amantes) em que D. Pedro I exigia que Domitila deixasse a corte, conforme o contrato nupcial:
Derradeira Solução
De: D. Pedro I à Marquesa de Santos.
Em maio de 1828, dom Pedro I, viúvo da imperatriz Leopoldina, recebeu a notícia de que a princesa bávara nascida na Itália dona Amélia de Leuchtenberg aceitara seu pedido de casamento. O contrato nupcial exigia o afastamento da amante do imperador, a marquesa de Santos, da corte, no Rio de Janeiro. Para cumprir a exigência do contrato, o imperador lhe escreve esta carta.
Rio de Janeiro, 13 de maio de 1828
Marquesa,
Não foram faltos de fundamentos os conselhos que lhe mandei em minhas anteriores cartas para que me pedisse licença debaixo de pretexto de saúde para ir estar em outra província do Império, a fim de eu poder completar meu casamento, no qual de frente se opõe a sua residência nesta corte.
O marquês de Barbacena[1] é chegado, e sua vinda é motivada pela necessidade de me expor de viva voz os entraves que tem havido ao meu casamento em consequência da sua estada aqui na corte, de onde se torna indispensável sair por este mês até ao meado do futuro junho, o mais tardar. O caso é mui sério. Esta minha comunicação deve pela marquesa ser tomada como um aviso que lhe convém aproveitar, o que não fazendo é da minha honra, do interesse deste Império e da minha família que eu tome uma atitude soberana e que, pelos muitos modos que as leis me subministram, eu haja de dar andamento a negócio de tanta magnitude. Eu conto que nada disto será mister, pois conheço o amor que a marquesa consagra à pátria e à minha família, mas fique certa que esta é a minha derradeira resolução, bem como carta que lhe escrevo a não me responder com aquela obediência e respeito que lhe cumpre como minha súdita e principalmente minha criada.
Aceite protestos daquela sincera amizade com que sou seu amo,
Imperador
Cartas de Pedro I à marquesa de Santos. Notas de Alberto Rangel. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984, p. 448.
[1] N.S.: Diplomata e militar, Felisberto Caldeira Brant, o marquês de Barbacena (1772-1842), viajou para a Europa em 1828 a fim de negociar o casamento de dom Pedro I com dona Amélia de Leuchtenberg.
FONTE: Correios IMS.
Domitila e o imperador: rompimento.
Eu nasci na casa que morou a Domitila em Sorocaba.
Gostaria muito que vc falasse sobre a irmã da princesa Isabel, pois me parece uma figura que passa desapercebida dentro da história do Monarquia brasileira.
Obrigada pela sugestão Luemir! Vamos publicar, aguarde.
Blue blooded Jerk!
Pessoal,
Verificar o ano do primeiro parágrafo do texto. Ceio ser 1829 e não 1929 como está escrito.
Abraços,
Cynthia
Obrigada, Cyntia. Corrigida a data. Desculpe, a distração!