Hamburgo, Rio de Janeiro, Nova York, Salvador, Paris. O que haveria em comum entre essas cidades, na década de 1860? Em algum lugar, numa sala escura de venezianas cerradas, um grupo de pessoas tentava falar com os mortos. Na luz bruxuleante, uma mesa redonda. Todos de mãos dadas. Em silêncio, a batida dos corações acelerava. O suor na testa revelava que uma dose de angústia, medo e curiosidade era assim injetada nas veias. Depois de uma oração em voz baixa, mãos se estendiam em direção às letras espalhadas em círculo. No centro, um copo ou um triângulo de madeira. Alguém elevava a voz, perguntando: “Há alguém aí?”. Silêncio. E de novo: “Há alguém aí?”. Figuras solenes cercadas de luz pálida eram aguardadas. Supostamente, elas abordariam e consolariam os presentes, deixando-os, depois, em lágrimas. Trariam informações do outro lado. Notícias de entes queridos, parentes, até mesmo recados de desconhecidos.
Assistia-se, então, à formação de um pequeno mundo. Seus habitantes eram os membros de uma nebulosa que acreditava em práticas magnético espiritualistas. Era composta de aristocratas, burgueses e simples operários. Sua unidade era de ordem psicológica e espiritual. O grupo reunia, sobretudo, não conformistas, insatisfeitos com as verdades oficiais, fossem elas religiosas ou filosóficas. O catolicismo decadente dava lugar ao misticismo. E, nesse pequeno mundo, pesquisas sobre o sobrenatural levariam a novas descobertas.
Tempos estranhos esses, em que as ciências tinham introduzido tantas conquistas – a eletricidade, a química, a ótica –, mas em que o desejo das pessoas era um só: abordar um universo maravilhoso, onde tempo e espaço não existissem. Onde se pudesse ver os espíritos e fantasmas e falar com eles. O prazer que se tinha nas “histórias de espíritos”, diziam os cientistas, vinha de um resto de dúvida sobre sua existência. Mas, sobretudo, de um secreto desejo de que fossem verdadeiras. E tanto mais o futuro parecia sombrio, maior o número dos crédulos ou crentes que buscavam esclarecer suas dúvidas e encontrar coragem nas comunicações com o outro lado. – Mary del Priore.
É só sonhar…sonhar.. sonhar… O Sonho esclarece, simples assim.
acredito que a existência continua, e que estamos apenas num estágio aqui no planeta
Deve ter sido um tempo de grandes intercâmbios com a espiritualidade. (Como ainda hoje é..) A busca pela certeza de continuação após a morte, a certeza dos nossos amores vivos em outras dimensões, (de nossos desafetos também!), um fio de esperança que nascia, prometendo vida eterna e vida em abundancia…Bons tempos aqueles.
Simples assim…. O Sonho explica mto, é só sonhar , sonhar , sonhar…..