Criança precisa ler?

Por Natania Nogueira.

O título deste texto é referente a uma pergunta feita por uma criança, estimo que de oito ou nove anos, durante uma roda de conversa da qual participei esta semana em uma escola Educação Infantil e Ensino Fundamental. Aliás, foi a parte do encontro que mais empolgou a coordenadora da escola.

Minha resposta: todos precisam ler, independentemente da idade.

Difícil descrever a reação de cada um, mas todos pareceram gostar da resposta e começamos a falar justamente sobre isso, dos benefícios da leitura. As pessoas não fazem ideia de como uma criança pode ser perceptiva. Foi um agradável momento de troca, de interlocução.

E devo confessar que eles me sabatinaram tão bem, e com tanto entusiasmo, que fiquei até mais apreensiva ao escolher as respostas do que no dia da minha qualificação no mestrado.

Mas vamos pelo início. Recebi da coordenação da Escola Conhecer (Leopoldina – MG), o convite para um bate-papo com os alunos. Imaginava até crianças maiores e fiquei surpresa em encontrar estudantes de todas as idades, inclusive com necessidades especiais, numa porcentagem muito maior do que costumo observar nas escolas em que trabalho.

Todas, de uma forma geral, muito articuladas, umas mais tímidas, outras mais falantes, mas todas participando e muito à vontade com a minha presença. O tema da conversa era as Histórias em Quadrinhos.

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Coordeno um projeto que se chama Gibiteca Escolar. Em resumo, organizei uma grande Gibiteca na Escola Municipal Judith Lintz Guedes Machado, onde trabalho desde o ano de 1998, que foi inaugurada em 2007. Atualmente ela possuiu um acervo aproximado de 7000 revistas e é uma referência na cidade.

Sobre esse assunto eles me sabatinaram e, também, mostraram um grande conhecimento e interesse sobre o tema. Pelo que a professora me contou, os alunos se prepararam para a minha visita recolhendo o máximo de informações possíveis. Também fiz perguntas a eles, algumas até bem difíceis e que muito adulto não saberia responder.

As respostas?

Foi excelentes, na verdade acima da média. Foi uma manhã cheia de surpresas agradáveis, como o leitor pode perceber.

A experiência foi tão marcante que achei apropriando comentar sobre ela em vez de publicar um texto sobre patrimônio ou sobre história. Mas se levarmos em conta que nossas crianças são nosso maior patrimônio e investimento para o futuro, talvez não esteja fugindo muito do assunto.

A escola em questão usa um método diferenciado de ensino, baseado na experiência do professor português, José Pacheco que em 1976 deu início a um projeto de escola (se podemos assim chamar) que rompe com o paradigma da escola tradicional que temos ainda hoje, a Escola da Ponte.

Eu conhecia a história dessa escola por meio do próprio professor José Pacheco, que narrou toda a experiência durante uma palestra da qual participei há alguns anos, mas nunca tinha visto os efeitos desse método pessoalmente. E foi fantástico. Eu, como professora, saí daquela escola renovada.Crianças trabalhando com projetos, sendo responsáveis, participativas e colocando em prática a tal inclusão da qual se fala muito mas que poucas escolas sabem realmente fazer acontecer.

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Sugestões:

Especial José Pacheco – Escola da Ponte. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=53bNtzTVix4>, acesso em 19 de ago. de 2014.

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