Reflexões sobre a Grécia Antiga, Bizantina e Neo-Helênica

O que denominamos Grécia Antiga era um variado e complexo conjunto de territórios independentes, muitas vezes inimigos, que compartilharam uma língua e muitos valores socioculturais, por exemplo, as mais diversas formas de cultos e celebrações realizados nos santuários pan-helênicos, tais como os de Delfos, Dodona, Elêusis e Olímpia, entre outros. A Grécia que conhecemos atualmente é um Estado membro da União Europeia e de fronteiras definidas. Tal configuração político-territorial foi gestada sob o signo tanto dos ideais iluministas como do ímpeto romântico, na primeira metade do século XIX, e no embalo da nostalgia redentora da Grécia Antiga, teve sua soberania de fato reconhecida pelas Grandes Potências somente em 1830. Milênios separam essas duas realidades históricas, já tão distantes uma da outra, no entanto, um espaço geográfico e o desenvolvimento de uma língua através dos séculos relacionam, de alguma forma, essas “Grécias”. Tendo como mote e inspirando-se no que o crítico literário, ensaísta e tradutor brasileiro, José Paulo Paes afirmou:

Eu acho que os gregos de hoje são os continuadores dos gregos antigos. […] O espírito grego continua vivo. As coisas mudaram, como tudo mudou, a história é implacável, mas esse espírito você sente convivendo com os gregos de hoje e lendo Homero e o teatro grego. São fundamentalmente os mesmos gregos. É a mesma língua – claro modificada através dos séculos –, mas fundamentalmente é a mesma língua, apesar de bem mais simplificada. […] o importante é você descobrir os nexos de continuidade que tornam a cultura um organismo vivo.” (CULT – Revista Brasileira de Literatura, número 22 – maio 1998 – Ano II),

Ver mais  “O retrato do rei D. João VI” - exposição no Museu Histórico Nacional

O curso pretende refletir, sobretudo, por meio da da história cultural, as diferentes visões da identidade grega durante a Antiguidade, o período Bizantino (Idade Média) e neo-helênico e como essas mudanças se deram em um constante movimento de diálogos, rupturas e ressignificações do passado. A relevância de tal abordagem se justifica na necessidade de apresentar tal temática totalmente inédita nas pautas de História Antiga e Moderna das universidades de nosso país, principalmente no que tange a abordagem da História da Grécia neo-helênica.

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