Mary del Priore e seu defeito de fábrica

Por Afonso Borges para EDITORAS.COM

Nem todo intelectual pensa. Nem todo intelectual transita por áreas do pensamento onde pessoas comuns passeiam. Haroldo de Campos era assim. Ao mesmo tempo que traduzia poemas diretos do russo, árabe e grego, dava palestras sobre poesia para operários em fábricas. Mary del Priore é desta estirpe de intelectuais, preocupados com as pessoas. Mary é a morada da gentileza. É incrível como ela trata as pessoas, como as ouve, com as respeita. A sua obra já está batendo nos 40 livros. A sua contribuição neste gênero novo, que faz história com textos palatáveis, ou literatura com texto histórico, conseguiu fazer com que os leitores se apaixonassem pela história brasileira – que ainda tem muito para ser contada.

Mary veio com um defeito de fábrica: ela não se contenta com a pesquisa em bibliotecas brasileiras. Onde ela souber que tem um documento que possa ser consultado, no mundo, sobre aquele assunto, ela vai. E como fala e lê várias línguas, aí mora a diferença. Seus livros trazem sempre uma novidade, uma nova abordagem, uma revelação. Foi assim em “O Príncipe Maldito”, a história de D. Pedro Augusto, filho da Princesa Leopoldina, irmã da Princesa Isabel que, pela linha sucessória, deveria se chamar D. Pedro III. Foi assim com “Condessa de Barral”, onde descobrimos tudo sobre a tórrida e proibida paixão de D. Pedro II e Luísa Margarida Portugal e Barros, a Condessa de Barral. Um amor que durou 30 anos, até a morte do Imperador. Foi assim também em “Castelo de Papel”, onde o romance entre a Princesa Isabel e o Conde D’Eu revela as articulações para a derrocada do Império e a abolição da escravatura.

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Em uma palestra, uma vez, em Belo Horizonte, um monarquista maluco interpelou Mary levantando fatos e histórias sobre o D. Pedro I que só existiam na cabeça do insano. O público foi ficando inquieto, incomodado – menos Mary que, com toda calma do mundo, rebateu um a um dos argumentos até o louco… ficar manso. Hoje ele é mais um apaixonado pela obra e por Mary del Priore.

Agora, finalmente, Mary sai do ensaio e escreve ficção. Ficção histórica, claro, ouvida nas andanças pelo Brasil: é um caso verídico, onde a neta do Barão de Piraí se casa com um conde russo caça-dotes que se apaixona pela mucama. Um triângulo de mestiçagem, paixões e dinheiro. Os cenários vão do Vale do Paraíba a São Petersburgo, Rio imperial e Paris do século 19. Que este gosto pela ficção contamine Mary del Priore e saiam muitos e muitos livros de histórias dos brasileiros e brasileiras. Assunto e matéria-prima é que não faltam.

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Mary del Priore: romance histórico.

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  1. Conceição Franco

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