No século XIX, a Inglaterra começava a pressionar, primeiramente, Portugal e depois o Brasil independente, para que a escravidão fosse extinta. Como era de se esperar, a elite de proprietários locais resistiu ferozmente, pois, não se imaginava que a economia brasileira seria viável sem os escravos – as “mãos e pés do senhor de engenho”, nas palavras de Antonil, em 1711. Algumas leis foram promulgadas para coibir o tráfico – e acalmar os ânimos dos britânicos -, mas a maioria foi “para inglês ver”. Em 1846, a Inglaterra aprovou o ato conhecido como “Bill Aberdeen”, que dava aos navios ingleses o direito de apreender embarcações brasileiras que estivessem transportando escravos da África para a América. O cerco apertava.
Enquanto isso, a campanha abolicionista ganhava força no Brasil. O imperador acreditava na abolição gradual, como ocorrera em Portugal. Com a Lei do Ventre Livre, de 1871, a ideia era aguardar a morte do último cativo nascido antes desta data. Entretanto, o monarca, que enfrentava também turbulências no Exército, vivia entre dois fogos: os que desejavam o fim imediato da escravidão e os grandes proprietários, do Partido Conservador, que não aceitavam qualquer medida neste sentido.
A situação ficava insustentável. Ceará e Amazonas tomaram à frente e acabaram com a escravidão em 1884. Em 28 de setembro de 1885, foi aprovada a Lei dos Sexagenários – que desagradou aos abolicionistas. D. Pedro II estava cada vez mais abatido, sua saúde era bastante frágil. Em junho de 1887, o imperador fez sua terceira viagem à Europa, deixando a princesa Isabel na regência.
Em 13 de maio de 1888, em meio a pressões de todos os lados, Isabel assinou a “Lei Áurea”, que terminou de uma vez com a escravidão. Tal medida foi encarada como uma terrível traição pelos fazendeiros, que, até então, mesmo contrariados pelas leis anteriores, ainda davam sustentação ao regime. Isabel ganhou grande apoio popular e recebeu o título de “Redentora”. Entretanto, a abolição, sem qualquer tipo de indenização aos proprietários, foi o golpe final na Monarquia.Sem apoio, D. Pedro sofreria em pouco tempo (15/11/1889) o golpe militar que daria início à República.
Não houve também nenhum tipo de preocupação em criar mecanismos para inserir o ex-escravo na sociedade, como trabalhador livre. Grande parte deles ficou relegada à miséria e à exclusão. – Márcia Pinna Raspanti.
A Família Imperial: golpe militar e exílio.
Boa tarde! Muito interessante os artigos! Lendo o livro A História da Princesa Isabel- amor liberdade e exílio, é apresentada uma outra imagem da princesa, aliás muito diferente da que somos acostumados a pensar, uma princesa caridosa e intenções abolicionista desde sempre, seria interessante nos apresentar artigos sobre essa nova historiografia, sou uma futura historiadora, sair um pouco dos conteúdos tradicionais é muito interessante!
Oi, Maria Luíza. “O Castelo de Papel”, de Mary del Priore, mostra um lado diferente da princesa Isabel, sua relação com o pai, o marido, os filhos e a política.
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É bom ver, no dia em que comemoramos 126 anos da abolição da escravidão no Brasil, artigos interessantes sobre o assunto neste blog. Este tema é, aliás, muito bem explicado no meu livro predileto da Mary: “O Príncipe Maldito”.
Infelizmente, a escravidão ainda existe no Brasil – seja pelo trabalho escravo contemporâneo, seja pela forte discriminação ao negro, vítima da polícia e da elite branca.
Mais uma vez, parabéns pelos artigos excelentes.