O campo de concentração nazista de Ravensbrück, na Alemanha, foi idealizado para confinar exclusivamente mulheres. Entre 1939 e 1945, cerca de 130 mil cidadãs de 40 nações foram mantidas no local. Boa parte delas foi assassinada, outras foram vítimas da fome, doenças ou experiências médicas. Em “If this is a woman. Inside Ravensbrück: Hitler’s concentration camp for women”, da britânica Sarah Helm descreve o cotidiano dessas internas e suas guardas femininas, com base no testemunho de sobreviventes.
Um ano após o lançamento em inglês, o livro chega às livrarias alemãs. Em entrevista a DW, a autora fala da pouca visibilidade que o drama dessas mulheres na historiografia. Segundo ela, depois do fim da Segunda Guerra Mundial, começou a Guerra Fria, veio a cortina de ferro e Ravensbrück ficou do lado oriental, o que teria dificultado a circulação de informações.
Entre os brasileiros, a história do local é também conhecida por ter abrigado Olga Benario Prestes, antes de sua execução em 1942, em uma câmara de gás, aos 34 anos. Judia, Olga fora enviada à Alemanha nazista, em 1936, pelo governo Vargas. Grávida, teve sua filha Anita na prisão da Gestapo para mulheres. Sua filha foi entregue à avó Leocádia, enquanto ela seria transferida para a fortaleza Lichtenburg, e depois, para o recém-construído campo de Ravensbrück.
No livro Olga, de Fernando Morais (Editora Alpha-Ômega, 1986), a terrível rotina das prisioneiras é narrada. As precárias condições de higiene, alimentação, além do trabalho escravo na unidade da Siemens, instalada no local, compunham a realidade dessas mulheres. Espancamentos, chicotadas, privação do sono ou comida, e reclusão nas solitárias eram a punições mais frequentes. O frio rigoroso completava o quadro desolador.
Fernando Morais descreve uma dessas terríveis sessões punitivas:
“Ela era deitada de bruços sobre o cavalete, com o ventre sobre a parte abaulada e tinha os pulsos e tornozelos amarrados às correias presas nos pés. Imobilizada, era submetida a infindáveis sessões de chicotadas nas costas, nádegas, pernas, até ficar semiconsciente“. Às vezes,ficava amarrada o dia todo, depois das chicotadas.
O autor também aborda as terríveis experiências médicas a que as mulheres (e depois os homens, quando o campo passou a recebê-los) eram submetidas. As prisioneiras recebiam injeções com bacilos de tétano, de estafilococos, e doenças venéreas, que causavam feridas profundas. Estilhaços de vidro e madeira eram introduzidas nos machucados para observar a “sua evolução”. Não se usava anestésicos para “não comprometer os resultados das pesquisas”.
Enfim, o suplício dessas mulheres – judias, comunistas, ciganas, testemunhas de Jeová ou simplesmente indesejáveis – foi assustador. É importante que tais fatos sejam amplamente divulgados. Não há previsão de quando o livro de Sarah Helm chegará ao Brasil. – Texto de Márcia Pinna Raspanti.
Confira a entrevista com Sarah Helm no portal Terra:
FOTOS: campo de Ravensbrück (divulgação) e de Olga Benario (centro).
Primeiramente, parabens pelo blog. Comecei a segui-lo ao acaso, pois adoro história. Além de perseguição por raça, uma curiosidade o nazismo perseguiu uma religião específica, marcando seus membros com triangulos roxos, e os desterrando em campos de concentração (principalmente em DASHAW próximo a Munique). Um fato pouco divulgado e pouco conhecido. Vale a pena a pesquisa.
Segue um link
http://www.ushmm.org/outreach/ptbr/article.php?ModuleId=10007754
Obrigada pela dica…No aguardo do livro em português.
Ano passado achei numa loja/bazar este livro, por R$ 3,00.
http://livraria.folha.com.br/livros/historia/mulheres-guerra-1938-1945-vol-2-claudia-quetel-1207062.html