Que sacrifícios as mulheres já fizeram (e ainda fazem) pela beleza?
Desde o século XVI, circulavam pela Europa livros de receitas e segredos de beleza. Essas dicas, até hoje tão populares nas revistas e sites voltados para o público feminino, já faziam sucesso entre nossos antepassados. No Brasil Colônia, não era diferente. Mesmo em meio à pobreza e à falta de produtos mais sofisticados, a mulheres se esforçavam para estar dentro dos padrões de beleza da época. Os ingredientes para essas receitinhas, entretanto, nos parecem hoje um tanto exóticos – alguns até repugnantes. É bom lembrar que tais matérias-primas só eram aplicadas após passarem por complicadas preparações, misturas e cozimentos. E então, vale tudo pela beleza?
Conheça alguns desses segredos, passados de mãe para filha:
- o sulfato de arsênico, apesar de ser tóxico, era considerado eficaz como depilatório.
- leite de cabra e gordura de cavalo eram usados para que os cabelos ficassem sedosos.
- pele e a gordura de cobra, prometiam fazer a pele feminina ficar nova.
- pérolas esfregadas aos dentes, garantiriam brilho e brancura. Assim como a pedra pome, dormida no vinho branco e transformada em pó.
- pau-brasil ou cochinilha, e mais raramente de cinabre, misturados com gordura de porco ou cera, eram ingredientes do rouge, que, em forma líquida ou de unguento, tingia bocas e bochechas. O rouge tinha que ser aplicado quente.
- para se obter os enormes penteados da moda, como o “tapa-missa” e o “trepa-moleque”, usava-se farinha e muitos pentes, além perucas, inclusive as feitas com cabelos de moças defuntas.
- para clarear e perfumar os cabelos, o mais indicado era o amido, ou ossos secos e raspas de madeiras transformados em pó.
- o “leite de mulher parida” era considerado eficiente para a queda de cabelo, sinais e cicatrizes, erisipela, icterícia e “cancro”.
- os excrementos de animais, mais conhecidos como “flores brancas”, foram largamente utilizados para clarear e cicatrizar sinais na pele. Excrementos, diga-se, que podiam ser tanto de sofisticado crocodilo africano quanto de um cachorro doméstico.
- a urina era vista como um poderoso cicatrizante, portanto, uma aliada na busca de uma pele perfeita.
Texto de Márcia Pinna Raspanti.
*Referência bibliográfica: “Corpo a Corpo com a Mulher”, de Mary del Priore. Editora Senac, 2000.
“Mulher ao espelho”, de Ticiano.