Muitos leitores do blog têm manifestado curiosidade sobre a produção e o consumo de sorvetes no Brasil imperial. A dissertação de mestrado de Joana Monteleone, “Sabores Urbanos: alimentação, sociedade e consumo” (FFLCH – USP, 2008) possui muitas informações sobre o assunto.Seguem algumas observações interessantes:
O sorvete se tornou o doce “símbolo” da Belle Époque, sendo inicialmente consumida pela elite carioca. Em 1835, o Café do Círculo do Comércio, na rua Direita, centro do Rio de Janeiro, começava a vender a iguaria. O sucesso logo fez surgir outro estabelecimento que oferecia delícias geladas, o Hotel do Norte. Por sinal, D. Pedro II costumava fechar o local para poder tomar sorvete sossegadamente com a Imperatriz.
O gelo era importado dos Estados Unidos, em um processo caro e que chegava a ter perdas de 40% da mercadoria transportada. Segundo Joana Monteleone, a fabricação de gelo e sua exportação se tornou uma grande negócio para os capitalistas norte-americanos. No Brasil, não se sabe exatamente quando começou a fabricação do gelo, mas no final do século XIX já existiam por aqui equipamentos para tal finalidade.
No Sul, muito antes, já havia o hábito de misturar xarope de frutas ao gelo das geadas, um procedimento que vem da Antiguidade. De qualquer forma, o sorvete se tornou uma atração das confeitarias elegantes do Rio de Janeiro, sendo servido ainda em banquetes e jantares da alta sociedade. As frutas tropicais, em forma de xarope, combinavam muito bem com o frescor da iguaria. As mulheres de famílias abastadas adquiriram o costume de se reunir nesses estabelecimentos para apreciar a novidade.
Em São Paulo, na década de 60 do século XIX, foi criada a casa de banhos “A Sereia Paulista” onde os sorvetes começaram a ser servidos. Primeiramente para os homens, que eram os frequentadores do local. As mulheres ainda demorariam alguns anos para reivindicar seu espaço nos cafés e confeitarias paulistas, quando também passariam a deliciar-se com o doce gelado.
O consumo de sorvete, como destaca a autora, faz parte uma série de transformações que as cidades e a sociedade brasileiras estavam passando neste período. Frequentar cafés e confeitarias, ainda mais para apreciar a novidade, era um hábito considerado cosmopolita e chic. Com o tempo, o sorvete iria se popularizar e se tornaria acessível a todos.
– Márcia Pinna Raspanti.
D. Pedro II era um apreciador dos sorvetes.
Olá. Desejo ser historiadora, e tenho gostado muito dos textos do blog. Gostaria de saber como era a Lesbianidade (expressão do amor lésbico) no Brasil Imperial.
Grata