Do premiado quadrinista José Aguiar, obra nos faz revisitar o passado e refletir sobre qual infância estamos construindo para o futuro.
“A Infância do Brasil” é o mais recente lançamento em graphic novel da AVEC editora, que chega às principais livrarias brasileiras este mês. Concebida pelo premiado quadrinista José Aguiar, a obra lança seu olhar sobre a História brasileira. Porém, não pela perspectiva de grandes eventos, mas pela das pessoas comuns. Das crianças. Pelo viés da infância. O autor narra vários momentos de nossa História, com ênfase nas contradições, abusos, descasos, abandonos e outras situações que insistem em não ficar para trás.
“Metaforicamente, acredito que o Brasil está deixando sua infância para trás”, afirma Aguiar, “Entender como tratamos nossas crianças reais, desde o início de nossa história oficial, é uma forma de sensibilizar nossos leitores sobre o que aprendemos, o que mudou e o que permanece em mais de cinco séculos. Para o autor, o livro é uma provocação. “Não trago respostas, mas o convite a questionamentos que, espero, sensibilizem as pessoas a ponto de refletirem o presente à partir do passado e assim, quem sabe, encontrarmos caminhos para um futuro realmente melhor”, confessa.
A História da Infância
A ideia da graphic novel, surgiu junto com com as preocupações do autor, enquanto pai. Ele comenta ter redescoberto a infância a partir do nascimento de seu primeiro filho: “O que me levou a questionar como foram as infâncias de meus pais, dos pais deles e assim por diante”. Seu próximo passo foi elaborar um projeto aprovado no edital do Mecenato Municipal de Curitiba que viabilizou a criação de uma webcomic lançada entre 2015 e 2016 (Publicada no site www.ainfanciadobrasil.com.br). “A Infância no Brasil” também contou com a consultoria da historiadora Claudia Regina Moreira para melhor retratar cada época em que se passam os capítulos. Ela também escreve textos complementares, contextualizado nossa sociedade desde o século XVI até o XXI.
“A partir dos temas que propus, levantou para mim leituras e contextualizou cada século em que se passa a trama, escrevi narrativas fictícias que pudessem dialogar com o presente”, revela o quadrinista.
O projeto também teve cores de Joel de Souza – que já havia trabalhado com Aguiar em outra HQ, Folheteen. Para o autor, a participação do colorista foi fundamental para dar a atmosfera exigida pela narrativa histórica.
Infância Perdida
A graphic novel trata de um arco formado de pequenos personagens que atravessam quase seis séculos de abusos, sexismo, intolerância, preconceito e violência não só física. “São os problemas que estão nos alicerces de nossa sociedade e que todos com um mínimo de sensibilidade gostariam de sanar”, explica Aguiar.
O autor define sua obra não como uma história de grandes feitos, batalhas, tratados, políticos ou soldados. Mas como “uma HQ sobre pessoas que poderiam ter realmente existido ou que podem estar hoje na sua esquina. Ou quem sabe, ser você.”
Para saber mais sobre o Autor
José Aguiar recebeu diversos prêmios, como o Ângelo Agostini e Troféu HQMIX e vencedor do I Concurso Internacional de Quadrinhos do Senac-SP. Publicou em Portugal, Alemanha e na França. Fora das páginas, foi curador e dos premiados eventos culturais Cena HQ, e também da Gibicon – Convenção Internacional de Quadrinhos de Curitiba. Foi ilustrador indicado ao Prêmio Jabuti, pelo seu livro autobiográfico Reisetagebuch – Uma Viagem Ilustrada pela Alemanha.
Suas tiras de humor Folheteen e Nada Com Coisa Alguma foram publicadas na revista cultural Curitiba Apresenta e no jornal Gazeta do Povo. Esta edição ainda conta com prefácio da historiadora Mary del Priore e textos finais sobre o contexto histórico de cada capítulo.
“A Infância no Brasil” pode ser adquirida na loja online da AVEC editora e na Amazon.