A “Comissão das Borboletas” de D. Pedro II inspira estudantes cearenses a criar um ecomuseu

 Por Levi Jucá.
        Nossa História começa em setembro de 2014, numa escola pública do interior do Ceará (EEM Menezes Pimentel), onde, na qualidade de professor de História, mobilizei meus alunos para recriar a primeira comissão científica de exploração formada por cientistas brasileiros. Idealizada pelos membros do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – IHGB, e com o total apoio de D. Pedro II, a expedição esteve na então Província do Ceará entre 1859 e 1861. A “Comissão das Borboletas”, como foi apelidada pelos cearenses, tinha por maior objetivo conhecer mais profundamente essa região distante (Norte/Nordeste) do centro (Sudeste) do país. Inspirada nesta, nasceu o projeto JOVEM EXPLORADOR.
     Mas antes de continuar a nossa história, vale dizer que a cidade que habitamos, a pequena PACOTI, conta hoje com aproximadamente 11.607 habitantes, situando-se à cerca de 800 metros do nível do mar no alto da Serra de Baturité: uma área de proteção ambiental, “ilha verde” de mata atlântica, úmida e fria o ano inteiro em pleno sertão cearense!
     Pois é! Pra quem é de fora e acha que no Ceará só existe PRAIA e SERTÃO ainda está com o mesmo pensamento dos cientistas da expedição do século XIX que chegaram a mandar trazer camelos da África para usar como transporte nos “escaldantes desertos sertanejos” que pensavam ser “primos” do Saara, talvez!
      Chefiada pelo botânico carioca Francisco Freire Alemão, a comissão de cientistas produziu relatos e estudos, coletou inúmeros objetos, espécies da flora e da fauna, minérios etc., para compor o acervo do Museu Imperial, e subdividia-se em cinco seções: botânica, geológica e mineralógica, zoológica, astronômica e geográfica, etnográfica e narrativa de viagem.
      Da mesma forma, os estudantes, JOVENS EXPLORADORES, também se subdividiram nessas seções, formando equipes de pesquisa. Através de encontros de formação (metodologia de pesquisa, museologia, educação ambiental, biologia, audiovisual…), oficinas e atividades práticas como aulas de campo, visitas técnicas às universidades, museus, mapeamento de trilhas ecológicas e de iniciação científica, vêm aprendendo e produzindo conhecimento sobre nossa história, memória e natureza locais. Queremos divulgar as descobertas e multiplicar essa metodologia de educação integral e transdisciplinar através da construção do espaço de um ECOMUSEU que cumpra sua missão educativa junto à comunidade serrana e seus visitantes, formando novos jovens exploradores!
      Mas, qual a diferença entre um ECOMUSEU e um MUSEU TRADICIONAL? O museólogo francês Hugues de Varine, a quem se atribui a definição do conceito de ECOMUSEU, sintetizou a comparação desta forma, respectivamente: COLEÇÃO > PATRIMÔNIO; EDIFÍCIO > TERRITÓRIO; PÚBLICO > COMUNIDADE. Em vez de possuir uma coleção, guardada num edifício e que visa a recepção de um público, o ecomuseu vai além, pois lida com bens do patrimônio cultural, presentes em todo um território e que são reconhecidos, primeiramente, pela comunidade local.
       Nesta perspectiva da museologia social, promovemos a participação da comunidade na construção de sua identidade e, por isso, efetivando o seu desenvolvimento no sentido cultural ao econômico. À medida que avançam as pesquisas dos jovens exploradores, vai se compondo o futuro acervo de objetos, documentos ou artefatos doados e compartilhados para compor o acervo do ecomuseu.
        A criação da Comissão dos Jovens Exploradores tem obtido alcance muito além da comunidade escolar, posto que já atinge a esfera municipal e regional. Com a futura inauguração do espaço museológico, em terreno cedido pela Universidade Estadual do Ceará – UECE, contribuirá definitivamente com o direito à memória que é fator essencial para a história de um lugar, reconhecendo-a como patrimônio, e cuidando de sua preservação, que serão seus maiores deveres.
Já erguemos a estrutura do Ecomuseu, toda em plástico (o 1º Ecomuseu de plástico do Brasil!), através do apoio do engenheiro conterrâneo Joaquim Caracas (Impacto e Protensão). Mas precisamos de recursos para fazer os devidos acabamentos e instalação interna do museu para inaugurá-lo.
       Criamos uma campanha de financiamento coletivo e é também por essa razão que estou aqui. Sua contribuição para a realização desse sonho é muito importante. A partir de 10 reais você pode estar colaborando conosco e recebendo recompensas confeccionadas pelo projeto para incentivar seu investimento.
      Caso não possa contribuir financeiramente, por favor nos ajude na divulgação da campanha, repassando esse artigo à sua lista de contatos!
Para saber mais sobre o JOVEM EXPLORADOR e para CONTRIBUIR, CLIQUE AQUI:

Através da capacidade educativa dos museus para as presentes e futuras gerações, explorar passa(rá) a significar, para além da palavra, uma nova prática. Buscar, investigar e conhecer com o único objetivo de preservar e não degradar, como há séculos ocorre neste país.

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3 Comentários

  1. Gilson Leal
  2. Carlos Carvalho
    • Levi Jucá

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