Participação da comunidade na formação de uma consciência patrimonial

Por Natania Nogueira.

O que vem a ser exatamente Consciência Patrimonial?

A grosso modo, podemos dizer que ela existe quando a comunidade, em seu todo, consegue reconhecer e valorar seus bens culturais. Ela identifica neles elementos importantes para a formação da identidade, elementos que fundamentam categorias e grupos sociais. Quando se desperta a consciência patrimonial, se estabelece uma relação entre memória e história, consolidando-se o sentimento de pertencimento.

Para haver essa tomada de consciência, é preciso investir em educação patrimonial. É necessário estabelecer canais de diálogo, utilizar de todos os meios, como as mídias, por exemplo, para fortalecer a noção de preservação, para levar à sociedade civil o entendimento da importância que o patrimônio histórico e cultural tem para dada localidade e para todo o país. Até mesmo a ideia de nação depende disso, afinal, a identidade nacional se constrói, também, a partir do local.

A educação patrimonial não deve ser limitar apenas ao mundo das ideias. Vai ser na prática cotidiana que ela vai realmente se realizar, a partir do envolvimento da comunidade. A tomada de consciência é resultado de um processo lento, progressivo e ininterrupto. Ela pode partir de ações do poder público, em uma escala mais ampla, mas são igualmente importantes ações pontuais, isoladas, oriundas da própria comunidade.

Os órgão municipais cumprem as normas técnicas, fazem o serviço burocrático mas, nem sempre, possuem pessoas com sensibilidade ou mesmo disponibilidade para se dedicarem a muitos projetos. Não desmerecendo a capacidade dos funcionários públicos, que ocupam cargos em órgãos ligados à cultura. Nem todos, porém, possuem recursos materiais e humanos para desenvolver um bom trabalho. Fazem o que podem, e a sociedade agradece por isso, mas é preciso mais.

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Daí, insisto novamente, a importância da participação e do interesse da comunidade, que irá usufruir futuramente dos benefícios trazidos por ações efetivas de preservação de bens culturais. É essa participação, este interesse que vai fazer a diferença. Ela é o censor que vai nos revelar o grau de consciência patrimonial que a cidade possui. É neste momento que iremos perceber se a educação patrimonial está sendo eficiente, se ela está rendendo frutos e onde precisamos melhorar.

Um exemplo de atuação da sociedade civil, em nível internacional, vem do Reclaiming Heritage, um grupo de arquitetos e estudantes de arquitetura de todo o mundo, cujo objetivo é realizar uma reconstrução sensível pós-desastres naturais, reutilizando materiais e buscando preservar o patrimônio arquitetônico e cultural destes. A ação deste jovens não apenas demonstra grande sensibilidade humana, como também uma notável consciência patrimonial.

Da mesma forma, tem igual valor a ação de um grupo de jovens que protesta contra a poluição de um córrego ou de uma associação de bairro, que deseja promover a reforma de um clube popular ou promover eventos que fortaleçam suas raízes culturais. Toda ação consciente de preservação é uma conquista, seja no Haiti, devastado após um terremoto, seja no gesto solitário de um homem que dedica algumas horas do seu dia para limpar a pichação em uma estátua.

Professores, convidem seus alunos a conversar e opinar sobre os rumos que a cidade está tomando, levantando questões como a preservação patrimonial e o incentivo à cultura. Conclame a participação, a ação como forma de mudança. Estimular a participação do jovem, desde bem cedo, nos assuntos referentes à localidade, suas necessidades e seus tesouros culturais, já é por si só uma forma de promover uma educação patrimonial que, em médio e longo prazo, poderá resultar numa comunidade mais unida e participativa.

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Imagem disponível em, http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2013/12/estatua-de-drummond-e-pichada-na-praia-de-copacabana-no-rio.html,  acesso em: 23 abr. 2015.

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