O horror e o medo nas escolas brasileiras

Hoje, na série “Professor: conte sua História”, publicamos um texto bastante forte, que retrata o cotidiano de uma escola localizada em uma região violenta de uma grande cidade. Traficantes, milicianos e estudantes aterrorizam a vida dos educadores. A autora da denúncia obviamente pede para não ser identificada. Como lidar com esse tipo de situação?

Boa noite, preciso desabafar…Trabalho em uma escola em uma comunidade no Rio de Janeiro, aquela em que o garotinho foi morto, há cerca de duas semanas. Sempre soube da violência e tudo mais que nos cerca, mas este ano estou com medo da minha escola! Os alunos estão cada dia mais violentos, temos casos como o do estudante que acertou o rosto da ex-diretora com o portão, outros que jogaram pedras nos vidros do carro da professora de matemática porque esta havia chamado a atenção deles e pedido para se retirarem da sala. Houve aluno que ameaçou a professora de artes, dizendo que lá fora ela estaria “fodida” (sic) e deixando claro que conhecia bem o trajeto que ela fazia da casa até a escola.

A diretora não aguentou. Chegou outra, e no segundo dia da nova direção, alguns estudantes colocaram fogo no relógio de energia do colégio! Foi horrível. Todo mundo começou a se sentir mal. Sai de lá enjoada e triste. E quando cheguei no dia seguinte, estava escrito no Facebook que colocariam fogo na escola conosco lá dentro! Não colocaram, mas a pressão psicológica foi forte. Veio a milícia e nos mandaram também um recado dos “caras”, para que tomássemos cuidado, pois os filhos deles estudam lá e poderia haver problemas! A CRE (Coordenadoria Regional da Educação) passou uma semana na escola e também foi alvo de palavrões  e muito desrespeito, a chefe foi xingada. Enfim, o caos está instaurado. Tenho medo de que algum dos estudantes apareça armado, visto que muitos ali trabalham para o tráfico…

Ver mais  Que desapareçam os indesejáveis!

alemãoA

 

Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro (AE).

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