A todo momento nos deparamos com “testes de personalidade”, em que o leitor é convidado a responder algumas perguntas e, com base nas respostas, se encaixa em determinado perfil. As publicações voltadas para o público feminino sempre se utilizaram desses modelos (e ainda o fazem) para que as mulheres supostamente descubram se são boas esposas, mães, possessivas, “boas de cama”, competentes e uma infinidade de outras coisas. Encontrei o “teste de bom senso” no artigo “Mulheres doas Anos Dourados”, de Carla Bassanezi (“Histórias das Mulheres no Brasil”, Ed. Contexto/Unesp, 1997), extraído do popular Jornal de Moças de 1959. O texto nos mostra qual a mulher ideal para a época, na opinião da imprensa, mas para os olhos atuais causam estranheza e espanto. Confira:
Teste de Bom Senso:
Suponhamos que você venha a saber que seu marido a engana, mas tudo não passa de uma aventura banal, como há tantas na vida dos homens. Que faria você?
- Uma violenta cena de ciúme?
- Fingiria ignorar tudo e esmerar-se-ia no cuidado pessoal para atraí-lo?
- Deixaria a casa imediatamente?
Resposta:
- A primeira resposta revela um temperamento incontrolado e com isso se arrisca a perder o marido, que, após uma dessas pequenas infidelidades, volta mais carinhoso e com um certo remorso.
- A segunda resposta é a mais acertada. Com isso atrairia novamente o seu marido e tudo se solucionaria inteligentemente.
- A terceira é a mais insensata. Qual mulher inteligente deixa o marido só porque sabe de uma infidelidade? O temperamento poligâmico do homem é uma verdade, portanto, é inútil combatê-lo. Trata-se de um fato biológico que para ele não tem importância.
Jornal das Moças, Rio de Janeiro, 08 de outubro de 1959.
Propagandas da época: a mulher como “rainha do lar”.