As meninas e suas “paper dolls”

Por Natania Nogueira.

Quem era criança nos anos de 1970 e 1980 deve se lembrar das paper dolls que eram vendidas nas bancas de jornal. Bonecas de papel, umas com carinhas de criança, outras de adolescente. Havia todos os tipos e estilos. As bonequinhas vinham acompanhadas de roupinhas que podiam ser trocadas. Era possível colecioná-las. O que poucos sabem é que elas foram uma mania que durou por décadas.

Nas décadas de 1930, 1940 e 1950, nos Estados Unidos, quando o papel era barato, havia espaço suficiente na seção de quadrinhos dos jornais de domingo para imprimir bonecos das personagens de quadrinhos dos mais variados tipos. Em 1931, a personagem Blondie, criada por Murat Bernard Chic Young, conhecida no Brasil como Belinda, exibia seu guarda-roupas em Blondie and Some Evening Clothes.

As paper dolls vinham como encartes em jornais ou em revistas em quadrinhos. Elas forma uma estratégia das editoras para atrair o público feminino. Mas não apenas as meninas. Havia bonequinhos de papel de personagens consumidos pelos rapazes. O personagem Dick Tracy, por exemplo, chegou a ser transformado em paper doll. O famoso detetive foi vestido e despido pelos fãs que compravam o Chicago Sunday Tribune, no ano 1940.  Outros machões dos quadrinhos, como Batman, Capitão América e, mais recentemente, Judge Dredd e o Homem de Ferro, também se tornaram modelos de paper doll.

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E não vamos esquecer das adolescentes e mesmo das mulheres adultas. Havia paper dolls para todos os gostos. Na verdade, elas ainda são populares, embora não tanto quanto em décadas anteriores. Na internet, é possível encontrar amostras de bonequinhas de papel de todos os tipos, inclusive de adaptações de romances famosos, como Orgulho & Preconceito, de Jane Austen.

Segundo Trina Robbins, em seu livro Paper Dolls from the Comics, fazer paper dolls de personagens dos quadrinhos era uma manobra de propaganda. Essas bonecas de papel chegaram aos quadrinhos como uma forma de ampliar o mercado consumidor feminino para aquele produto. As meninas eram incentivadas a enviar cartas com desenhos de modelos que poderiam ser usados pelas suas personagens favoritas. As jovens modistas ganhavam destaque, e a revista encontrava mais uma forma de cativar seu público, afinal, as meninas adoram paper dolls.

Estas bonequinhas de papel foram, por pelo menos meio século, a razão para muitas meninas juntarem suas moedinhas para comprarem revistas em quadrinhos. Elas foram parte importante, também, da História dos Quadrinhos e dos meios de comunicação. Há poucas pesquisas sobre o tema, mas vale a pena conferir.

SUGESTÕES DE LEITURA

 ROBBINS, Trina. Paper Dolls from the comics. Forestvolli: Eclipse Books, 1987.

SENNA, Nádia Cruz. Moda e HQ. INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaçãoXXIV Congresso Brasileiro da Comunicação – Campo Grande /MS – setembro 2001. Disponível em: <http://zip.net/bfqj8Y>, acesso em 07 de fev.  de 2013.

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batman

Batman em paper doll (1983) disponível em: http://mostlypaperdollstoo.blogspot.com.br/2013/06/the-superman-sunday-special-comic-strip.html , acesso em: 23 mar. 2015

trina_50s_comics_torchytogs

Torchy Brown em paper dolls, personagem de Jackie Ormes, publicada nos anos ee3 1950 – Disponível em: http://www.collectorsweekly.com/articles/women-who-conquered-the-comics-world/acesso em: 23 mar. 2015

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