Alimentos para curar a paixão erótica

Ao final do Renascimento longos tratados médicos são escritos sobre o tema: O antídoto do amor, de 1599 ou A genealogia do amor, de 1609, são bons exemplos deste tipo de literatura. Seus autores tanto se interessam pelas definições filosóficas do amor, quanto pelos diagnósticos e tratamentos envolvidos na sua cura. Todos, também, recorrem a observações misturadas a alusões literárias, históricas e científicas para concluir que o amor erótico, amor-hereos ou melancolia erótica, era o resultado dos humores queimados pela paixão. E mais que todos os sintomas observados nos poderiam ser explicados em termos de patologia. De doença.

Entre as causas do desejo erótico estariam às externas como o ar e os alimentos. E entre as internas, a falta de repouso e de sono. Em 1540, em Portugal, João de Barros dizia que a paixão física “abreviava a vida do homem”. Incapazes de conter nutrientes, os membros enfraqueciam-se, minguando ou secando. Muitos males decorreriam daí, entre eles a ciática, as dores de cabeça, os problemas de estômago ou dos olhos. A relação sexual, por sua vez, emburrecia, além de abreviar a vida. E ele concluía: só oscastos vivem muito”.

E como combater tal problema? Os remédios poderiam ser dietéticos, cirúrgicos ou farmacêuticos. Ao “regime de viver”, que se esperava, fosse tranquilo, somavam-se sangrias nas veias de braços e pernas. E, ainda, remédios frios e úmidos como caldos de alface, grãos de cânfora, e cicuta, que deviam ser regularmente ingeridos. Contra o calor do desejo sexual, se tomavam sopas e infusões frias, recomendando-se, também, massagear os rins, pênis e períneo com um “unguento refrigerador feito de ervas”. Comer muito era sinal de perigo. Os chamados “manjares suculentos” eram coisa a evitar. “Dormir, só de lado, nunca de costas, porque a concentração de calor na região lombar desenvolve excitabilidade aos órgãos sexuais”. – Mary del Priore.

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pimenta[1]

Alimentos suculentos e picantes poderiam piorar o problema.

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