São Jorge: santo guerreiro

As festas coloniais têm origem na tradição europeia: naquele continente, elas surgiram para celebrar e pedir proteção às colheitas. Essa periodicidade ligada aos ciclos agrícolas foi alterada, em parte, com o advento do cristianismo. A Igreja passou a determinar quais seriam os dias de comemoração religiosa. Esse calendário eclesiástico era dividido em dois tipos de festividades: as festas do Senhor (Paixão de Cristo e outros episódios de sua vida) e os dias comemorativos de santos -, nos intervalos das grandes celebrações, havia ainda as “Domingas”, mais modestas.

Neste contexto, o Brasil Colônia comemorava o Dia de São Jorge – um dos santos mais populares do país, ainda nos dias de hoje. Os festejos incluíam missas, procissões, música, comida e bebida. Os jesuítas popularizaram por aqui as danças, cantos e autos “à maneira de Portugal”, enfatizando os aspectos exteriores de devoção para atrair índios e mesmo a população em geral, considerada pouco culta e dada a “relaxações”. Assim, São Jorge surgia sempre representado em seu cavalo, acompanhado de guarnições militares e autoridades nas procissões.

São Jorge era o protetor de Portugal e tinha grande importância no calendário religioso. Para garantir que as comemorações fosse feitas à altura do homenageado, as Câmaras pediam o “inventário de todos os preparativos”. O Estado exercia a função controladora também nessas ocasiões festivas, utilizando-se desses eventos religiosos ou não para reforçar sua presença.

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Nas procissões, era comum a presença de seres monstruosos e gigantes – animais ameaçadores, como crocodilos ou serpentes, ou criaturas imaginárias – que sempre representavam o mal. Logo em seguida, surgia o imponente São Jorge, com sua lança, impondo derrotas humilhantes aos seres malignos. Guerreiro e protetor: assim representada a figura do santo conquistou espaço entre os brasileiros. – Márcia Pinna Raspanti

SaoJorge

São Jorge derrotando o dragão.

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