Por que ainda nos interessamos pela vida da Família Imperial?

      Personagens históricos, anônimos ou conhecidos do grande público, funcionam como uma janela para o passado. Atualmente, não são mais apresentados como heróis, mas, sim, como gente de carne e osso, com dificuldades e problemas como qualquer ser humano. Eles nos convidam a dessacralizar seus papéis públicos, – reis, militares ou políticos famosos – mostrando-os, também na sua vida privada – maridos, pais, amantes. Biografias também descortinam os fatos que ocorreram no período em que atuaram tornando-os, ao mesmo tempo, atores, críticos e produtos de sua época. Seu percurso ilumina a história por dois ângulos. Um explícito, que propõem uma análise da sociedade na qual o personagem está inscrito. O outro, implícito, ilustra, por sua vez, as tensões, conflitos e contradições de um tempo que se encarna no próprio personagem.

     Frente à banalização do cotidiano, às rápidas mudanças e ao crescimento da sociedade de massas, a família imperial traz o sentido da permanência e da memória. Identificados à tradição, e, portanto, ao que “não muda”, são considerados especiais e não o comum dos mortais. Daí a grande curiosidade em conhecer a sua maneira de ser, de viver e o de seu passado.

    A Princesa Isabel se enquadra perfeitamente no ideal de mulher submissa do século XIX. Ela correspondeu ao paradigma feminino de então: ser boa esposa, boa mãe e boa dona de casa. Piedosa, seguia à risca os ditames da Igreja. Entre eles, o de fazer caridade. A abolição não teve para ela nenhum sentido político. Apenas, filantrópico. É bom que se diga que o fim da escravidão deveu-se muito mais à pressão de escravos e políticos e intelectuais liberais do que à princesa Isabel.

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     O Conde D’Eu teve excelente atuação na Guerra do Paraguai, onde aboliu a escravidão. Era um homem culto e preparado que, por motivo ignorado, nunca teve a simpatia do imperador D. Pedro II. O livro trás inúmeros exemplos de situações em que D. Pedro afastou o casal Orleáns do poder que deveriam ocupar. Sua interferência para mantê-los longe da política era constrangedora. Gastão anteviu a queda do império e afirmou várias vezes que não queria terminar seus dias no Brasil.

     Para um historiador é imperativo escrever bem, caso contrário, sua pesquisa não será conhecida. O diálogo entre literatura e história vem se estreitando e, cada vez mais, encontramos livros bem escritos e apaixonantes sobre os mais variados temas do passado. O mais importante, contudo, é simples: quem escreve deve se dedicar apaixonadamente ao que faz!

  • Texto de Mary del Priore.

Preparativos para o casamento de Isabel e Conde D’Eu.

 

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