Penas e Plumas

 

         Os chapéus se tornaram estrelas do vestuário feminino no século XIX. Podemos observar pelas fotos e pinturas que as mulheres de classe mais alta exibiam verdadeiras esculturas de tecidos, flores, penas, fitas e outros enfeites. No Brasil, com a abundância de aves consideradas exóticas pelos europeus somada à criatividade e à habilidade das mãos dos artesãos, os enfeites de penas coloridas se tornaram cobiçados pelas cabecinhas privilegiadas da época. As flores de penas eram uma coqueluche entre as damas da sociedade e eram muito usadas em chapéus.

         Os leques feitos do mesmo material também eram produzidos nas manufaturas do Rio de Janeiro e de Salvador  e se tornaram mais populares a partir de 1860. Os enfeites de penas coloridas podiam ser encontrados na chiquérrima rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro, comercializados por jovens francesas. Eles seduziram igualmente as européias que visitaram o País. A Imperatriz Leopoldina, casada com D. Pedro I, e a princesa Teresa da Baviera enviraram exemplares desta bela arte para a Europa. Até hoje, existem peças produzidas com penas da nossa fauna, feitas aqui, expostas no Museu de Etmologia de Munique.

        E na arte de confeccionar estes delicados adornos, mais uma vez, as mulatas e mulatos se destacaram. Como ocorreu com as roupas, a “gente da terra” observou o procedimeno das modistas estrangeiros e aprendeu. E muitos fizeram seu pé de meia com isto. Houve, porém, uma consequência negativa da febre das penas coloridas: a captura indiscriminada das aves acabou por ameaçar algumas espécies. A cobiça de alguns, que inclusive exportavam tão preciosa matéria-prima, resultou em um problema ambiental sério. Após, a 1ª Guerra Mundial, os chapéus, e a moda em geral, se tornaram bem mais simples e as penas foram deixadas de lado.

      No final do século XIX, os mascates ou caixeiros viajantes – tão esperados nas décadas anteriores – foram substituídos pelo hábito de visitar o comércio mais sofisticado e fazer compras nas lojas. As maisons femininas ofereciam o que havia de mais chique. É curioso notar que, por mais que os colonos quisessem ser considerados europeus, às vezes, a moda valorizava os produtos tipicamente nacionais. – Márcia Pinna Raspanti

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Penas de aves eram cobiçadas como adorno de chapéus e outros acessórios.

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