Namoro e casamento à moda colonial: dos encontros furtivos às traições

             Hoje, o casamento na igreja tem geralmente noiva de branco, mas nem sempre foi assim. O vestido branco significa a pureza da noiva, sua virgindade. No Brasil colonial essa questão importava apenas para as noivas da elite, que além da virgindade levavam como dote terras e escravos para o noivo. Nas grandes famílias patriarcais a “honra imaculada” da mulher era prezada porque garantia que o patrimônio não seria dividido entre filhos legítimos e ilegítimos, toda a riqueza iria só para os filhos que tivesse com o marido.

            Entre as demais camadas da população, era diferente. Homens e mulheres viviam juntos, amigados ou amancebados, antes mesmo de casar. Viver junto antes do casamento equivalia, na linguagem da época, aos chamados “desponsórios de futuro”, isto é, uma união tendo em mente um futuro casamento. Porém, como não existiam anticoncepcionais eficientes, acabavam tendo muitos filhos. Para alguns homens, engravidar a companheira era importante, pois permitia avaliar se ela lhe daria muitos filhos ou não. Como a maioria vivia nas roças e campos, os filhos ajudavam na lavoura, porque os pais não tinham condições de ter escravos. Se eventualmente não se importavam com a virgindade, os homens ligavam muito para a fidelidade da companheira. Quando se sentiam traídos era comum ameaçar e espancar suas mulheres. Mas elas davam o troco. Abandonadas, não hesitavam em tentar envenená-los, ou pediam ajuda aos irmãos e parentes para aplicar-lhes uma boa surra.
          Não eram poucas as mulheres que se entregavam aos noivos esperando com isso casar mais rápido. Porém, às vezes grávidas, elas eram abandonadas. Vingativas e furiosas, iam se queixar para o bispo. Vem daí a expressão: “Vá queixar-se ao bispo!” Havia punições rigorosas para os homens que engravidassem as moças à força. Eles eram obrigados a casar ou a indenizar a “virgindade perdida”. Casos inversos também eram comuns: aproveitando-se de jovens ricos, moças pobres provocavam a gravidez para arrancar-lhes uma boa soma de dinheiro que lhes permitisse, mais tarde, casar com quem quisessem.
         Namorava-se nas praças, nas praias, nas roças, nos terrenos baldios e nos quintais das casas. Também as igrejas eram visadas para namorar.
Leia o artigo completo de Mary del Priore para a revista Aventuras na História:
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Hafaell | Crédito: Namoro colonial.
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  1. Darlene de Lima Andrade

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