Por Natania Nogueira.
No dia Internacional Mulher ganhamos uma homenagem na forma de uma História em Quadrinhos (HQ). Ela não foi criada com fins comerciais, trata-se de uma HQ eletrônica, de leitura gratuita. Seu título é bem sugestivo: Pão & Rosas. Seus autores são Hector Lima (roteiro), Mario Cau (arte). Dois homens que se solidarizam com a luta das mulheres por melhores condições de trabalho, no início do século XX. Luta esta, é bom lembrar, que se repete a cada dia, nos quatro cantos do planeta.
A HQ relembra de forma emocionante o episódio ocorrido em 1912, quando as operárias da indústria têxtil da cidade norte-americana de Lawrence, Massachusetts, entraram em greve por melhores condições de trabalho. As manifestações duraram três meses e foram reprimidas com grande violência pelas autoridades. É difícil ler sem se emocionar.
Durante as manifestações, as operárias gritavam ‘Queremos Pães e Rosas’, uma referência ao poema escrito por James Oppenheim, em 1911. O jovem e idealista James Oppenheim estudou na Universidade de Columbia, tornou-se poeta e romancista e, entre os anos 1916-1917, foi diretor da revista The seven arts. Foi ainda ativista filiado no sindicato IWW (Industrial Workers of the World). Bread and Roses é, talvez, sua obra mais conhecida e tornou-se o símbolo da luta das mulheres. Chegou a ser musicalizado, sendo um hino cantado até os dias atuais.
Neste dia Internacional da Mulher, faço um convite para homens e mulheres: leiam o poema, Pão e Rosas, ouçam sua versão musicalizada e leiam a HQ que leva o mesmo nome. Depois disso reflita sobre o papel da mulher na nossa sociedade e sobre o significa de incansáveis lutas que, claro, deixaram mártires mas, acima de tudo, que deixaram exemplos de coragem e perseverança. Assim, quem sabe, num futuro próximo não precisaremos comemorar o Dia da Mulher.
As rosas vermelhas passaram a ter outro sentido para mim, ainda mais aquelas que são tradicionalmente distribuídas pelos comerciantes no dia 8 de março.
Pão e Rosas ( James Oppenheim)
Enquanto vamos marchando, avançando através do belo dia,
um milhão de cozinhas escuras e milhares de fábricas cinzentas
são tocadas por um sol radioso que subitamente abre,
e o povo ouve-nos cantar: Pão e rosas! Pão e rosas!
Enquanto vamos marchando, avançando,
Lutamos também pelos homens
pois eles são filhos de mulheres,
e como mães os protegemos.
Não mais seremos exploradas desde o nascimento até à morte
os corações mirram de fome, assim como os corpos.
Dai-nos pão, mas dai-nos rosas também !
Enquanto vamos marchando, avançando,
milhares de mulheres mortas
gritam através do nosso canto o seu antigo pedido de pão;
exaustas pelo trabalho, não conheceram a arte, nem o amor, nem a beleza.
Sim, é pelo pão que lutamos, mas também lutamos por rosas!
À medida que vamos marchando, avançando
trazemos conosco dias melhores.
Erguem-se as mulheres e isso significa
Que se ergue a humanidade.
Basta de agonia para o trabalhador e de ócio para o malandro:
o suor de dez que trabalham para um que nada faz.
Queremos compartilhar as glórias da vida: pão e rosas, pão e rosas!
Não permitiremos a exploração desde o nascimento até à morte;
os corações morrem de fome, assim como os corpos :
Pão e rosas, pão e rosas!
PÃO e Rosas. Trad.de Júlia Ribeiro. Disponível em http://lelodemoncorvo.blogspot.com.br/2012/03/dia-internacional-da-mulher-pao-e-rosas.html, acesso em 06 mar. 2015
Link do Youtbe para a versão cantada do poema:
http://www.youtube.com/watch?v=VEffTvbVqmc#t=25
A HQ Pão & Rosas pode ser acessada pelo link: http://petisco.org/extra/2015/01/pao-rosas-capa/