Histórias sobre o Brasil no oitocentos – download gratuito

Resultado de seminário internacional realizado na Universidade Federal do Espírito Santo, o livro traz novas perspectivas e horizontes de pesquisa da crise do sistema colonial até o final da chamada Primeira República. Para baixar gratuitamente a versão digital do livro, clique AQUI.

        Os 13 artigos que compõem o livro foram agrupados em cinco sessões. A primeira delas trata de aspectos econômicos e conjuga-os com posições e opções políticas. Mostra que a economia, a política e características culturais e sociais caminham lado a lado. Assim, os capítulos abordam políticas relativas ao tesouro nacional, com liames estreitos com os partidos políticos; a importância das ferrovias para a configuração das cidades e suas morfologias como Bocas do Sertão em diferentes províncias e o desenvolvimento do Sul do Espírito Santo por meio de sua ocupação feita por imigrantes.

      Livros e literatura, segunda seção, do livro, aborda a leitura, como as pessoas liam, viviam e até tinham ganhos pecuniários com o livros.  Prossegue com análises instigantes sobre aspectos da literatura no século XIX ao tematizar a identidades regionais do Sul e ao recuperar um tipo literário original marcado pela tradição poética da gauchesca, que idealizava um passado que foi sendo destruído pelos novos tempos trazidos pela “civilização”. De forma instigante, trata igualmente da ironia de Martins Guimarães no periódico carioca Semana Ilustrada. Procura articular aspectos linguísticos, literários e culturais da crítica literária da segunda metade do século XIX e discutir textos que fugiram aos padrões da crítica literária tradicional devido ao humor, à ironia, ao elogio exagerado aos autores e a produções medíocres.

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     A seção Imprensa revela uma riqueza ímpar ao se debruçar sobre jornais, tipografias e ao desnudar a importância da circulação de ideias entre Parlamento e imprensa. Recupera a instalação da Tipografia Nacional do Maranhão, no contexto de instituição da liberdade de imprensa pelo constitucionalismo português, e abre uma importante janela para se perceber os impactos provocados nas disputas políticas. Já a circularidade de ideias entre Parlamento e imprensa é tratada em relação a um assunto específico: o tráfico. A hipótese, ao abordar um político pernambucano, é defender que os grupos políticos nasciam de alianças tecidas por líderes de partidos por meio das falas que proferiam. Esses homens eram grandes oradores que arregimentavam parlamentares ao seu redor e traçavam-lhes as diretrizes.

      Historiografia e escravidão é a penúltima seção, composta de três artigos. A historiografia sergipana e a sua importância é tema pouquíssimo frequentado. O autor recupera os primeiros estudos de história da historiografia sergipana sobre o Oitocentos, nascida na década de 1970. Os dois últimos capítulos tratam da escravidão. Com base em levantamento original das sociedades abolicionistas francesas no século XIX, um dos estudos contempla o Comitê pela abolição do tráfico de escravos da Sociedade da Moral Cristã, fundada em 1821, e discute a retórica abolicionista dos franceses principalmente por meio da denúncia das condições das viagens nos navios negreiros. Esse estudo dá subsídios para se comparar os discursos francês e brasileiro, no período tratado, e permite verificar e comparar os argumentos usados lá e cá. O último capítulo dá um tratamento novo às questões relativas ao tráfico ilegal e negreiro por dimensionar o reerguimento da escravidão no Brasil oitocentista, em sua dimensão Atlântica e no seio da chamada segunda escravidão. Enfatiza os vínculos entre os negócios do café e os do tráfico ilegal de africanos, seus agentes e suas estruturas.

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        A última seção do livro analisa os militares no período imperial, com distintos enfoques. Mostram-se as tensões políticas entre as instituições do Comando das Armas e da Junta Provisória de Governo do Espírito Santo, com suas estruturas administrativas e políticas, frutos das determinações das Cortes Lisboetas. Também nesta parte se deslinda o surgimento de uma imprensa militar no Brasil, analisando os temas em pauta a partir do exame da Revista Marítima Brasileira publicada entre 1851 e 1855. (trecho extraído do prefácio).

doceira

Escrava de ganho vendendo frutas no Brasil (cerca de 1860).

Fonte: Espaço Alameda

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