Especial TCC – Problema de pesquisa: uma questão de engenharia, valores ou cientificidade?

Por Iuri Andréas Reblin.
Como saber se a pergunta que você formulou exige mesmo uma investigação, isto é, se ela é mesmo um problema de pesquisa? Antonio Carlos Gil, num livro quase clássico de metodologia, intitulado “Como elaborar projetos de pesquisa”, afirma que há, poderíamos assim dizer, três tipos recorrentes de problemas: problemas de juízo de valor, problemas de engenharia e problemas científicos.
O problema de juízo de valor é aquele que atribui um valor a algo, por exemplo: “Qual é o melhor sistema econômico: capitalismo ou socialismo?”; “A proclamação da independência por Dom Pedro I em 1822 foi uma atitude correta naquele contexto histórico?”; “Qual é a denominação cristã mais fiel aos preceitos bíblicos?”; isto é, questões que atribuem valores, que perguntam se algo é bom ou mau, ou melhor ou pior que outro ou se algo deveria ou não ser feito pertence antes ao âmbito da subjetividade e está sujeito aos interesses e posições (pessoais, políticas, religiosas) de quem visa a abordagem.
O problema de engenharia, tal como ilustrado por Gil, sugere perguntas procedimentais, isto é, que visam a “fórmula” correta para a solução de problemas, a “fórmula” para executar algo ou compreender algo de maneira mais eficiente, por exemplo: “Qual é o procedimento para diminuir a evasão escolar?”; “Como aumentar a compreensão das pessoas acerca da Ditatura Civil-Militar?”. Como afirma Gil, “A ciência pode fornecer sugestões e inferência acerca de possíveis respostas, mas não responder diretamente a esses problemas. Eles não indagam como são as coisas, suas causas e consequências, mas indagam acerca de como fazer as coisas”.
O problema científico, portanto, não deve ser construído como uma fórmula pragmática de se resolver problemas sociais, nem reduzido a enunciação de valores. A distinção de um problema científico reside na objetividade, na verificabilidade empírica (isto é, se ele segue procedimentos que podem ser testados), na precisão e na delimitação, mas também na relevância e na solução e, para estudos avançados, como uma tese de doutorado, ele precisa ser original e atual. Enfim, o problema de pesquisa deve ser objetivo, exequível (acesso às fontes), preciso e empírico.
Prof. Dr. Iuri Andréas Reblin
Autor de
Outros cheiros, outros sabores:
o pensamento teológico de Rubem Alves 
(São Leopoldo: Oikos, 2009)
Ver mais  "História das Mulheres e das Relações de Gênero"

4 Comentários

  1. Mírcia Rocha
  2. Geovana
  3. Karen Mattos
  4. Fernanda Silva

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