Educação patrimonial nas escolas: o uso e a elaboração de cartilhas (Parte I)

Por Natania Nogueira.

Trabalhar com educação patrimonial nas escolas é um desafio. Na verdade, tudo que envolve a prática educativa oferece grandes desafios, das primeiras letras ao ensino superior. Mas no caso da educação patrimonial um dos grandes obstáculos é o suporte teórico. Temos relativamente poucos trabalhos sobre o tema disponíveis para professores ou outros profissionais da educação que desejem informações mais consistentes para embasar suas atividades.

Recentemente, fiz uma consulta em três grandes livrarias, que vendem seus produtos pela internet, em busca de livros específicos sobre educação patrimonial.  Na primeira livraria não havia nenhum título. Na segunda, foram encontrados três títulos, todos esgotados. Na última, encontrei um único título, um estudo de caso.

Eu mesma tenho pouquíssimos livros sobre o tema. Um dos primeiros que adquiri foi publicado pela editora Junqueira & Marin, de autoria de Maria Ângela Borges Salvatori, datado de 2008, e ele não chega a 100 páginas. Há pouquíssima bibliografia especificamente tratando sobre assunto.

Nas referências bibliográficas da maioria dos livros, artigos e pesquisas sobre educação patrimonial predominam obras sobre memória, patrimônio e material produzido por órgãos governamentais. Assim, embora tenha crescido a demanda pelo tema ele ainda carece de produção bibliográfica. Felizmente podemos contar com textos, artigos, teses e dissertações disponíveis para download na internet. Mas mesmo este material ainda é pequeno e nem sempre fácil de ser encontrado.

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Normalmente, pesquisas sobre educação patrimonial envolvem relatos de trabalhos realizados ou em realização e que envolvem determinada cidade ou região. Não podemos esquecer das cartilhas produzidas pelos governos municipais onde a educação patrimonial passa a fazer parte de uma política de preservação incentivada e aplicada pelas prefeituras.

Este tipo de material é fruto de parcerias entre secretarias de educação e cultura, e elaborado por arquitetos, educadores ou historiadores, muitas vezes em um esforço conjunto. Há ainda material educativo, folders ou jornais, distribuído à população como forma de conscientização, estimulando o cuidado e a proteção do patrimônio cultural, histórico e natural de uma localidade.

Mas é preciso um esforço maior do que apenas confeccionar livros ou cartilhas. É preciso que o profissional da educação, que as equipes das secretarias de cultura e educação, recebam, também, orientações de como utilizá-lo, o que pode ocorrer na forma de minicursos, oficinas ou palestras.

Algumas destas cartilhas podem ser encontradas na internet e são um recurso que, se bem usado, pode auxiliar o professor na elaboração de aulas e atividades. Elas também podem servir como uma referência para que o professor elabore seu próprio material, acrescentando a ele, por exemplo, referências locais.

Aliás, sou adepta dessa prática. Sempre achei fracas as desculpas que alguns colegas usam como:

– “Não trabalho determinado tema porque a escola não fornece material.”

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– “Não tem livro sobre o assunto.”

– “Na faculdade não ensinaram isso.”

Já conheci professores que trabalhavam em escolas que mal tinham o giz e o quadro negro e que fizeram trabalhos maravilhosos usando apenas jornal e revistas velhos, conseguindo excelentes resultados.

Hoje a grande indústria do livro didático, que envolve editoras e agências do governo, parecem inibir a criatividade do professor que recebe um livro com ideias e temas padronizados.  Não que o aluno e o professor não precisem desse material. Ele é um recurso importante, é um instrumento que pode facilitar muito o processo de aprendizagem, mas ele não é o único e não pode substituir a capacidade criativa do educadoque, como a dos alunos, deve ser estimulada.

Atualmente temos muitos instrumentos de pesquisa que estão disponíveis na internet que podem nos ajudar a elabora nosso próprio material de trabalho, um material que complemente aquele que usamos no nosso dia a dia e que vai ser o nosso diferencial, principalmente em se tratando de temas como educação patrimonial ou mesmo história local.

Dica: visite o banco de dados educação patrimonial, da Universidade Federal de Sergipe.http://mnemosinedigital.wordpress.com/banco-de-dados-educacao-patrimonial/

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