Corrupção: raízes históricas

As prisões dos chamados “mensaleiros”, os escândalos na prefeitura paulistana, as negociatas envolvendo o metrô de São Paulo e empresas europeias – tudo isso, traz à tona um debate sobre uma das questões que mais afligem os brasileiros: a corrupção. Os saudosistas dizem que “antigamente” as coisas eram diferentes…Será?

“A corrupção é quase generalizada entre os habitantes do Brasil”, escreveu o francês M. De La Flotte, em agosto de 1757. Muitos viajantes europeus fizeram observações semelhantes, quando estiveram por aqui. De certo, eram visões um tanto preconceituosas, mas a corrupção é um mal que floresceu entre nós desde os primórdios da colonização.

A Colônia era considerado um lugar provisório. Os portugueses vinham para estas terras distantes para fazer fortuna e voltar para a Europa. Não importava muito os meios utilizados para o enriquecimento, já que “não havia pecado abaixo da linha do Equador”. As falcatruas ficariam para trás, como todas as outras faltas.

No Primeiro Reinado, as coisas não mudaram. A Marquesa de Santos e sua família ganharam muito dinheiro graças à influência que a “favorita” tinha junto ao monarca. Ela cobrava para fazer indicações a cargos públicos, entre outras transações suspeitas. Diziam os jornais da época que D. Pedro I estava envolvido no esquema…

Já o seu filho, D. Pedro II, tentava combater os corruptos. Fazia visitas-surpresa às repartições públicas para ver se os funcionários estavam trabalhando, queria saber se todos tinham capacidade para exercer o cargo. Não adiantava quase nada. Era muito fácil enganar o imperador, que não tinha como controlar tudo.

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Veio a República. Rui Barbosa foi nomeado ministro da Fazenda e fez uma reforma financeira que permitia a emissão de moeda sem lastro em ouro. As tarifas alfandegárias foram aumentadas, o crédito e a entrada de matérias-primas facilitados. Mas, ao invés de ser empregado apenas na implantação de indústrias ou em atividades produtivas, o dinheiro em circulação acabou desviado para toda espécie de negociatas. Foi o chamado encilhamento.

O período de 1894 a 1930 ficou conhecido pelo domínio das oligarquias nos Estados brasileiros. Essas oligarquias controlaram o cenário político e econômico de suas regiões utilizando diferentes mecanismos para manutenção do poder, principalmente a fraude eleitoral que contribuiu para a soberania dos ricos fazendeiros. Todos se lembram da chamada “degola”.

Getúlio Vargas sofreu com inúmeras acusações de corrupção em seus longos anos de governo. Foi massacrado pela imprensa oposicionista até o seu suicídio. Tivemos a presidência de JK e a construção de Brasília gerou um turbilhão de denúncias. Jânio Quadros se elegeu com o símbolo da “vassourinha” para varrer exatamente ela, a corrupção…Não vou me estender aos tempos mais recentes do governo militar e da Nova República, pois, os fatos ainda estão frescos na memória do leitor.

E assim este mal nos acompanha e prejudica até os dias de hoje. Quando iremos começar a combatê-lo de verdade?- Márcia Pinna Raspanti

4 Comentários

  1. João Barbosa
  2. João Baptista de Siqueira Neto

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