Amor à primeira vista?

No século XIX, nas classes mais abastadas, os casamentos eram decididos em função de fortunas, títulos e sobrenomes. Jovens meninas, recém saídas da infância, eram dadas em casamento pela família a homens mais velhos, quase sempre sem serem consultadas. As uniões eram entre pessoas do mesmo nível social e, muitas vezes, entre membros da mesma família. A seguir, um trecho de “Beije-me onde o sol não alcança”, de Mary del Priore, que descreve os planos de matrimônio de um dos personagens principais, um aristocrata russo:

“Devo retornar ao Vale e fazer a corte a toda família. Aproveitarei a temporada de caça às capivaras e pacas, um tipo de porco que circula perto do rio, ao cair da tarde. (…) Se me permite uma anedota de gosto duvidoso: será minha temporada de caça à jovem corça. Haverá bailes, jantares e concertos, e terei oportunidade
de dedicar uma atenção benevolente a todos os membros da casa, além de me aproximar dela. Não se trata de amor, mas de interesse agudo à primeira vista.

Mas ela… ela é quase uma menina. Tão pequena, possui ombros
frágeis e pequenos. Pergunto-me se eles suportarão o peso de minha
felicidade. Tem olhos negros, vivos e brilhantes, e uma maneira
de olhar qualquer coisa como se perdida num labirinto íntimo.
Suas sobrancelhas, num tom mais claro, são grossas, enfatizando
a profundidade desse olhar. O rosto é cativante graças à franqueza
da expressão. Nicothá parece uma criança distraída. Antes de vir
embora, segurei-lhe rapidamente uma das mãos e pressionei meus
dedos contra os seus. Sabe o que fez? Sorriu e saiu correndo. Você vai achá-la encantadora. E fique tranquila, maman, não é escura.

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Sabendo o quanto se interessa por minha felicidade, rogo-lhe que me diga se devo levar adiante essa proposta e contratar advogados para os papéis. Afinal, o assunto requer uma posição realista e despida de sentimentalismo.

Seu filho obediente,
Maurice”.

beijomary

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