Parque Arqueológico de São João Marcos resgata a memória do Vale do Café

Em meio à beleza da Mata Atlântica, no Vale do Café Fluminense, o Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos preserva a memória da extinta cidade de São João Marcos, sua história e tradições culturais. Inaugurado em 2011, o espaço educativo e cultural da Light – mantido com o patrocínio da empresa, da Agência Nacional de Energia Elétrica e da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro – dispõe de um Centro de Memória onde estão expostos painéis suspensos com textos e fotos, vitrines com vestígios arqueológicos encontrados no sítio urbano e objetos doados por antigos moradores da cidade que teve seu auge no século XIX durante o Ciclo do Café e foi desocupada em 1940. O Centro exibe documentários audiovisuais, contendo relatos gravados com a história de vida e as lembranças de antigos moradores da região, além de totens digitais que oferecem acervos fotográfico e documental.

Igreja matriz

Igreja matriz

O Parque mantém um Programa Educativo Cultural que promove atividades e ações de educação voltadas, prioritariamente, para alunos da rede pública do estado do Rio de Janeiro, que valorizam o senso de cidadania, a salvaguarda das tradições culturais relacionadas à história da antiga cidade de São João Marcos, a geração de trabalho, renda e oferta de espaço para o fomento de grupos e artistas da região, além de conteúdos que alertam sobre o desperdício de água e de energia.

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O Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos dispõe de guias turísticos, anfiteatro, salas multimídia e de exposições e um campo de futebol em homenagem aos craques do Marcossense Futebol Clube, time considerado imbatível na lembrança dos antigos torcedores. Há ainda o Espaço Obra Escola, onde, por meio de painéis ilustrativos em formato de histórias em quadrinhos, as crianças são apresentadas ao mundo da arqueologia de maneira lúdica, horta orgânica, na qual alunos cultivam e colhem alimentos livres de agrotóxicos, loja de souvenir, viveiro, estacionamento e banheiros com acessibilidade. No Quiosque São João Marcos uma atração à parte: quitutes resgatados de livros de receitas de antigos moradores foram batizados em homenagem a personagens da antiga cidade. O nome do ‘Rango do Capitão-Mor’, arroz de forno servido com ovos recheados e salada de batata, foi inspirado no representante do imperador cuja parte da casa continua de pé e com pisos originais preservados. O ‘Empadão do Breves’ relembra o Comendador Breves, o maior produtor de café da região. Já o ‘Rocambole Pereira Passos’ homenageia o filho mais ilustre da cidade: o engenheiro responsável pelo projeto urbanístico do Centro do Rio de Janeiro, Francisco Pereira Passos.

Casa do capitão- mor. Foto: Divulgação.

Casa do capitão- mor. Foto: Divulgação.

SERVIÇO:

Entrada gratuita
Aberto de quarta a sexta-feira, das 10h às 16h. Sábado e domingo, das 9h às 17h
Endereço: Estrada RJ 149 (Rio Claro – Mangaratiba) Km 20 – Rio Claro – RJ
Telefone: (21) 2233-3690
E-mail: [email protected]
Facebook: www.facebook.com/ParqueSaoJoaoMarcos
Site: www.saojoaomarcos.com.br

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A cidade de São João Marcos

A história de São João Marcos se inicia em 1739 com a construção de uma capela dedicada ao santo pelo fazendeiro João Machado Pereira, onde hoje é o município de Rio Claro, no Vale do Café Fluminense. A cidade cresceu e desempenhou papel importante na produção cafeeira e no comércio de escravos. Em seu apogeu, no final do século XIX, chegou a ter em torno de 18 mil habitantes e estrutura formada por uma dezena de ruas, três largos e algumas travessas. A área urbana era composta de casas de construção térrea e sobrados neoclássicos e o calçamento feito de pedra de cantaria. Tinha prefeitura, câmara municipal, cadeia, duas escolas públicas, agência de correios, hospital, duas igrejas, dois cemitérios, teatro, estação meteorológica, o time de futebol, lojas de comércio e dois clubes, com suas respectivas bandas de música. São filhos ilustres da cidade Pereira Passos (1836-1913), Ataulfo de Paiva (1867-1955) e Fagundes Varela (1841-1875).

Em 1939, São João Marcos foi tombada pelo órgão de proteção do patrimônio histórico e artístico da época. No ano seguinte, entretanto, foi destombada por decreto do presidente Getúlio Vargas. A cidade foi então desocupada e demolida devido à previsão de alagamento do seu perímetro urbano. A inundação, decorrente do aumento da capacidade de armazenamento do reservatório de Ribeirão das Lajes, foi necessária para a construção da Usina de Fontes Nova, até hoje em funcionamento.

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A área desocupada, onde outrora existiu São João Marcos, foi arrendada a pecuaristas da região e os vestígios da cidade ficaram adormecidos por décadas. Em 1990, a Ponte Bela e as ruínas do centro histórico de São João Marcos foram tombadas pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) e, em 2008, toda essa história começou a ser redescoberta e valorizada com a construção do Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos.

Imagens aéreas: Alexandre Bicudo

Imagens aéreas: Alexandre Bicudo

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