A beleza e a rebeldia na moda dos anos 20

           O século XX chegou transformando tudo, inclusive a indumentária. A silhueta se simplificou e as roupas tornaram-se mais práticas: as “anquinhas” tão típicas do final do século anterior sumiram.  Sob protestos dos conservadores, a mulher das classes mais altas começava a ter mais independência para sair às ruas. As mais pobres passaram a “trabalhar fora”, não apenas fazendo serviços domésticos nas casas abastadas. As armações desapareceram, as saias encurtaram e o decote voltou à moda. Nos anos 20, as linhas retas inspiradas na art déco e as cinturas baixas, combinadas com cabelos mais curtos, eram vistas como indícios da rebeldia feminina. O “corpinho” viria substituir o terrível espartilho; as botinhas cobriam os tornozelos em uma tentativa de amenizar o escândalo das pernas de fora. Luvas e chapéus eram essenciais.

         Segundo “A Moda da Década de 20”, organizado por Charlotte Fiel e Emmanuelle Dirix (Publifolha, 2014), a figura feminina se transformou radicalmente em comparação à moda eduardiana que havia dominado anteriormente. Vestidos e roupas desestruturadas, nos modelos saco ou camisola, eram fáceis de vestir e ainda proporcionavam mais conforto que as cinturas finíssimas, seios empinados, dos corpos comprimidos pelas barbatanas dos espartilhos. Essas mudanças foram influenciadas pelas criações do estilista francês Paul Poiret, que ficara famoso já nos anos 10. As formas mais simples favoreceram as mulheres com menor poder aquisitivo que puderam se aventurar a copiar os modelos que vinham estampados nas revistas de moda.

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          No Brasil, essas tendências também se fizeram presentes, principalmente nas capitais, e enfrentaram a oposição da imprensa mais conservadora. A “melindrosa”, de saias e cabelos curtos, maquiagem e fumando em público, era a imagem da “moça moderna” e perigosa. Vejamos algumas fotos e ilustrações extraídas do livro “A Moda da Década de 20″, que nos ajudam a entender a elegância dos chamados”anos loucos”:

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Anúncio publicitário de combinação de seda artificial da British Celanese Limited (1926); Nº5 de la Gazette du Bon Ton (1920); La femme chic, 1926 (três conjuntos de viagem);  a atriz de Hollywood, Shirley Mason, com maiô de cetim e xale com franjas (1924).

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La femme chic (vestidos de noite), 1926; capa da revista La Mode.

Texto de Márcia Pinna Raspanti.

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  1. JAIRO BRAZ DE SOUZA

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