O Dia do Fico

No dia 9 de janeiro de 1822, o príncipe D. Pedro tomou uma decisão que irritaria as cortes portuguesas: declarou que permaneceria no Brasil, apesar das ordens diretas para retornar a Portugal.  Tais ordens haviam chegado um mês antes e provocaram reações em diversas províncias, como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. José Bonifácio de Andrade e Silva, então membro do governo provisório, publicou no jornal Gazeta do Rio de Janeiro, uma carta criticando a decisão de Portugal.

A Câmara do Rio de Janeiro reuniu-se e levou um manifesto ao príncipe, pedindo sua permanência. Chegaram diversas manifestações com o mesmo teor. Na sessão de “Vereação” de 9 de janeiro, D. Pedro diria a famosa frase: “Como é para o bem de todos, felicidade geral da nação, estou pronto, diga ao povo que fico”. E chegando às varandas do paço complementou: “Agora, só tenho a recomendar-vos união e tranquilidade”.

O comandante militar do Rio de Janeiro, que deveria assumir o governo segundo as ordens de Lisboa, colocou as tropas na rua. Mas, em apenas um dia o príncipe reuniu mais de seis mil brasileiros armados, sob o seu comando, para enfrentar as tropas militares. O comandante desistiu ao ver esta reação e se rendeu. Assim, era dado um passo importante rumo à independência.

Vamos voltar um pouco para entender a tensão que havia entre Lisboa e D. Pedro, neste momento.  A chegada da Família Real Portuguesa, em 1808, e sua permanência no Rio de Janeiro trouxeram inúmeras consequências políticas e econômicas para o Brasil, dentre as quais devemos a elevação do país à categoria de Reino Unido, em 1815. Com a Revolução do Porto, em 1820, as elites políticas de Lisboa adotaram uma nova Constituição e D. João VI foi obrigado a voltar a Portugal  para não perder o trono, deixando D. Pedro, na condição de príncipe regente.

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As cortes de Lisboa, porém, não aprovavam as medidas tomadas por D. Pedro. Queriam recolonizar o Brasil e passaram a pressionar o príncipe para que também retornasse a Lisboa, deixando o governo do país entregue a uma junta submissa aos portugueses. No chamado Dia do Fico, D. Pedro decide desobedecer Portugal e continuar a governar, causando uma ruptura nas relações entre os dois países. – Márcia Pinna Raspanti

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