De pai para filho

 

 

Todos conhecemos a imagem pública dos imperadores que governaram o Brasil. Mas, poucos sabem como pai e filho se relacionavam – mesmo porque D. Pedro I voltou para sua terra natal antes de Pedro D’Alcântara, o futuro D. Pedro II, completar cinco anos. Isso não significou ausência de afeto ou abandono. A correspondência era a única forma de comunicação entre as pessoas que estavam geograficamente distantes. Com certeza as cartas do pai trouxeram um pouco de conforto à infância do órfão que governaria o Brasil por 49 anos, até ser deposto pelo golpe republicano, em 1889. É verdade que a correspondência paterna acabaria em poucos anos: D. Pedro I (D. Pedro IV em Portugal) morreria em setembro de 1834.

Mesmo de volta a Portugal, D. Pedro escrevia aos filhos que deixou no Brasil: “Meu querido filho. Estando a sair um navio para esta corte, não quis deixar de te escrever e te dar os parabéns do dia do teu nome, como o fiz o ano passado em Paris”. Seguia seus estudos e progressos, como se vê em cartas ao filho: “Vejo pelas tuas cartinhas […] e me convenço que tu fazes progressos. Duas cartas já escritas sem lápis e com tão linda letra”. Ou numa outra, conjunta a todos: “Muito sinto que não me digais alguma coisa relativa aos vossos estudos, mas penso que o motivo de assim não o fazerdes, não foi outro senão a pressa com que me escrevestes. É mister que dê os meus louvores à Januária pela boa escrita, e a Nhonhô e à Paula por terem feito seus nomes muito bem, tendo a desconsolação de ver que a Chiquinha não escreveu o seu também, como era para desejar. Espero que empregueis bem o tempo em que vos apliqueis”. Não foram poucas as cartas que D. Pedro escreveu, revelando a intensidade dos sentimentos, saudades e, como de praxe, orientações. O carinho dos apelidos – D. Pedro II era chamado de Nhonhô – não descurava da avaliação dos estudos.

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Laços afetivos entre pai e filho: D. Pedro I e o jovem D. Pedro II (no retrato com 14 anos).

 

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