D. Pedro II: ainda provocando acaloradas discussões

          O blog História Hoje é um espaço para discussões e opiniões. Sintam-se, portanto, à vontade para manifestar discordâncias, ainda que malcriadas. Mas esse não é, certamente, uma altar onde repousariam incólumes e beatificados os personagens históricos. É bom lembrar, também, que não emito opiniões. Apenas reproduzo as que encontro na documentação histórica.
          De acordo com a correspondência pertencente ao IHGB (Instituto Histórico e Geográfico), na qual a Condessa de Barral descreve em detalhes a primeira viagem do Imperador à Europa, fica-se informado sobre sua falta de modos à mesa, sua insistência em falar um péssimo inglês, suas unhas sujas, entre outros comportamentos que contrariavam as regras de civilidade entre a aristocracia europeia. A preocupação da Condessa ao lhe escrever sobre tais questões era de poupar-lhe críticas e, segundo ela, até “a risada dos criados”…Os documentos em questão estão referidos na bibliografia ao final do meu “Condessa de Barral – a paixão do Imperador”.
       Quanto à cultura do Imperador, tenho minhas dúvidas sobre sua densidade, mas ainda não fiz sua biografia. Sua correspondência com intelectuais da época é diminuta – contrariamente, por exemplo, a uma sua contemporânea, a Rainha Maria Amélia de Bourbon, que escrevia mil cartas por mês, recolhidas aos Arquivos Reais da Bélgica. Sim, há cartas do Imperador, mas não verdadeira correspondência que implica reciprocidade. Em manter viva, uma troca de ideias e afetos por um tempo, mediante troca de muitas cartas. Em sua biblioteca não constavam os grandes nomes da literatura europeia do período e ele não participou dos debates em curso na Inglaterra e França sobre formas de governo, republicanismo, saneamento urbano e higienização das cidades, enfim, ignorou a lista de assuntos que apaixonava as classes letradas.
         Em meu livro “O Castelo de Papel”, baseado em fartíssima documentação do Arquivo do Museu Imperial, seu genro Gastão de Orléans o desenha como alguém profundamente egoísta, cioso de manter o casal de futuros regentes afastado da política, e autor de gestos obscuros e serpentinos. Nenhuma referência à sua propalada “sabedoria”. No mesmo livro, reproduzo a opinião de seu ministro e amigo Cotegipe, que dizia que o Imperador não tinha mais que uma cultura superficial e suficiente para impressionar seus interlocutores, com perguntas. Nunca, respostas.  As cartas, em francês, estão à disposição do público no mesmo arquivo.
Grata pela oportunidade de esclarecer quaisquer dúvidas.
Texto de Mary del Piore.
D.pedro2d.pedroseg
Dois momentos na vida do imperador.
Ver mais  D. Pedro foi um bom pai?

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