Biografia de D. Pedro I concorre ao Prêmio Jabuti

A obra “D. Pedro: a história não contada”, de Paulo Rezzutti (Editora Leya, 2015) é um dos concorrentes ao Prêmio Jabuti, na categoria Biografia. A obra procura mostrar o nosso primeiro imperador em uma perspectiva diferente, com suas contradições, longe das mistificações que sempre marcaram essa figura histórica tão controversa. Com uma ampla pesquisa de fontes primárias, documentos originais e depoimentos de contemporâneos, Rezzutti nos mostra a história não contada do monarca ou, pelo menos, pouco conhecida da maioria dos leitores.

Segundo o autor, ao estudar as cartas trocadas entre D. Pedro e a Marquesa de Santos, sua amante, descobriu um “homem que, até então, nenhum professor ou livro de história havia me revelado. Alguém que, se por um lado, nota-se a falta de compostura e de uma educação refinada, por outro, se revela uma pessoa preocupada com tudo e todos a seu redor, com as doenças e saúde dos filhos e das pessoas próximas, aos detalhes e mimos em relação à filha que teve com a marquesa e com a própria marquesa”.

  Vejamos algumas curiosidades mostradas no livro:

  • O primeiro “caso” amoroso de que se tem notícia de D. Pedro foi com uma dançarina francesa, Noemi Thierry. A moça teria engravidado do herdeiro do trono. Parece que a irmã da moça também se deixou seduzir pelo jovem. Há várias versões sobre a história…
  • D. Leopoldina teria ajudado no desenvolvimento intelectual do marido. Os dois estudavam música juntos.
  • D. Pedro confrontava o pacato e conciliador pai, com seu jeito impetuoso, mas temia e respeitava a mãe, D. Carlota. Mesmo adulto, chegou a receber bofetadas da geniosa espanhola.
  • D. Pedro arriscou-se como jornalista: em fevereiro de 1822, escreveu e mandou distribuir um panfleto sobre o Dia do Fico, com o pseudônimo “Sacristão de Freguesia de S. João de Itaboray”.
  • D. Pedro e Domitila começaram a manter uma amizade em 29 de agosto de 1822. E não era nada inocente essa relação…
  • O Rio de Janeiro reagiu com tristeza e lágrimas à morte de D. Leopoldina. A população direcionou seu ódio à amante do imperador, Domitila.
  • O rompimento entre os amantes foi cheio de idas e vindas, brigas, desacato e juras de amor. Finalmente, com o casamento acertado com a jovem e bela D. Amélia, D. Pedro se afastou de vez da favorita, que estava grávida de Maria Isabel, nascida em 1830, em São Paulo. Criada pela mãe, Maria Isabel, mais tarde, contaria, baseada em relatos de familiares, que o imperador teria tentado esganar a amante quando descobriu a gravidez, por achar que a criança não era dele.
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Bom, essas são apenas algumas das histórias que me chamaram atenção na atribulada vida de D. Pedro. Há muito mais. O livro, escrito em um estilo muito agradável, é cheio de surpresas e revelações. Um achado para quem gosta e quer conhecer, além dos “grandes fatos históricos”, um pouco mais sobre a sociedade da época, em especial os hábitos e vícios da vida na corte.

Na categoria biografia,  também concorrem ao Jabuti:  “Histórias de Meu Avô Tristão, a Biografia de Alceu Amoroso Lima” (Azulsol), de Xikito Affonso Ferreira; “Júlio Mesquita e seu tempo” (Mameluco), de Jorge Caldeira; “Tancredo Neves: a noite do destino” (Civilização Brasileira), de José Augusto Ribeiro.

  • Texto de Márcia Pinna Raspanti. 

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2 Comentários

  1. mateus Pinheiro
    • Jose Orlando

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