As mulheres no automobilismo

Por Luiz Alberto Pandini.

Maria Teresa de Filippis, a primeira mulher a participar de uma corrida de Fórmula 1, morreu no sábado, 9 de janeiro, aos 89 anos. As causas não foram reveladas.

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     Seu primeiro esporte foi a equitação. O automobilismo surgiu por acaso em sua vida. Ela tinha 22 anos quando seus irmãos decidiram provocá-la e dizer que ela não conseguiria ser mais rápida que os homens em uma prova de subida de montanha. Maria Teresa se inscreveu e venceu. Mais tarde, tornou-se vice-campeã italiana de carros de turismo.

Em 1958, Maria Teresa participou de três Grandes Prêmios com um Maserati, tendo um 10° lugar na Bélgica como melhor resultado. Nesse mesmo ano, ela foi alvo de uma das mais conhecidas manifestações de machismo da história do automobilismo: teve recusada sua inscrição para o GP da França. O diretor de prova, Toto Roche, alegou que o único capacete que “uma mulher tão bonita” deveria usar era “o do salão de cabeleireiro”. Maria Teresa ficou furiosa, brigou, mas não conseguiu reverter a decisão.

Maria Teresa de Filippis parou de correr em 1959, após a morte do piloto francês Jean Behra em um acidente. Behra, seu amigo, era também o dono da equipe pela qual Maria Teresa fez sua última tentativa de correr em um GP de F1 (em Mônaco, onde não se classificou para a largada). Em 1979, após vinte anos nos quais se dedicou à sua família, Maria Teresa voltou a frequentar o ambiente das corridas como integrante do Clube Internacional de Ex-Pilotos de Fórmula 1. Até recentemente, participava de eventos de carros históricos, eventualmente dirigindo a Maserati com a qual correu. Sobre ela, foi escrito um livro, “Signorina F1”, do jornalista italiano Cesare de Agostini.

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Depois de Maria Teresa, somente uma mulher disputou GPs de Fórmula 1: a também italiana Lella Lombardi (26/03/1941-03/03/1992), em 1975 e 1976. Lella terminou em sexto lugar no GP da Espanha de 1975, até hoje o melhor resultado de uma mulher em uma prova do Campeonato Mundial de F1. Outras três fizeram tentativas, mas não se classificaram para a largada nos poucos GPs nos quais se inscreveram: a inglesa Divina Galica (em três corridas, entre 1976 e 1978), a sul-africana Desirée Wilson (apenas uma vez, em 1980) e a italiana Giovanna Amati (três GPs, em 1992).

Estas cinco são as únicas mulheres que compõem o total de 988 pilotos que estiveram inscritos em pelo menos um GP válido pelo campeonato mundial de F1 desde seu início, em 1950. Em outras categorias, a proporção é semelhante. Isso torna ainda mais notáveis as vitórias conquistadas pelas mulheres no automobilismo. Entre as mais bem sucedidas, estão a francesa Michele Mouton (vice-campeã mundial de rali em 1982), a alemã Jutta Kleinschmidt (vencedora do Rali Paris-Dakar em 2001) e a estadunidense Danica Patrick (única mulher a vencer uma corrida na Fórmula Indy).

Maria Teresa de filippis 2006

Maria Teresa em 2006, e acima, em uma foto dos anos 50.

Luiz Alberto Pandini, jornalista, é titular do blog PandiniGP.wordpress.com, especializado em esportes a motor.

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